Autárquicas 2021: Uma candidatura “sem vaidades” e com “convicção” e “paixão”



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"Meu concelho. Onde dei os primeiros passos, as primeiras quedas, onde aprendi a andar de bicicleta. Do infantário ao secundário….ruas do meu concelho que percorri com orgulho e paixão. Do desporto ao voluntariado. Brincadeiras de rua. De patins nos pés, ou sapatilhas de bailado. De livros nas mãos, de sonhos, de educação estudo, formação e dedicação. Fui criança, adolescente, cresci e fui mãe”, assim se apresentou Liliana Silva na Serra d’Arga onde lançou a sua candidatura à Câmara Municipal de Caminha pelo PSD.

A actual vereadora social democrata defende o concelho de Caminha com “todas as minhas forças e não o faço por vaidade, faço-o por convicção. Faço-o por paixão a esta terra que me viu crescer”, sublinhou no seu discurso.

“Uma candidatura que não é contra ninguém . (descansem os que querem competir). Esta candidatura é pelo concelho”, adiantou para logo apontar algumas das primeiras acções à frente dos destinos da autarquia caminhense e que passa pela empresa Águas do Alto Minho, “se formos eleitos nas próximas eleições será a rescisão imediata do contrato com esta empresa, por justa causa, e retomar as rédeas da água, deixando de ter que obrigar os nossos munícipes a pagar as facturas elevadas”.
Numa entrevista sem filtros e olhos nos olhos, Liliana Silva revelou o porquê da sua candidatura e os objectivos a que se prepõe.

Luso.eu- Decisão tomada quanto à sua candidatura à câmara e pergunto: com quem se aconselhou ao tomar a decisão e quem foram os seus maiores apoios?

Liliana Silva- A decisão que tomei foi totalmente pessoal. As únicas pessoas com quem falei, para saber se aceitaria ou não, e que sem o apoio delas jamais avançaria, foi com as minhas filhas.
Esta decisão tem que ser sempre muito pessoal. Aliás. Quem me conhece sabe que não vou para lado algum por promessas. Sou emocional nas decisões, mas ao mesmo tempo muito pragmática.
A única pessoa que influência o meu pensamento na tomada de decisões sou eu mesma. Porque eu não ando na rua com ( passo a expressão) os sapatos de ninguém, só sei andar pelo meu próprio pé.
Todas as escolhas que fiz na vida, fi-las por mim, por convicções.
Uma decisão destas obrigou a muita reflexão e introspecção, porque é o assumir de uma grande responsabilidade e eu não gosto de falhar com ninguém.
Mas confesso que fiquei extremamente feliz com a onda de apoio que recebi e ficarei eternamente agradecida a todos.

LE- Foi uma decisão construída ao longo do tempo?

LS- A construção de algo implica sempre uma ambição. E eu confesso que nunca precisei de ter cargo algum para trabalhar pelo meu concelho e defendê-lo em todos os fóruns onde estive.
Sempre trabalhei pelo concelho de forma totalmente abnegada e descomprometida.
Este desprendimento e o facto de não depender da política para viver deu-me sempre uma liberdade de pensamento e de acção , da qual não abdico.
A acção política é só um momento em que, quando estamos a exercer uma função política, temos que dar o melhor de nós em prol da causa pública. Mas temos que saber entrar na política e sair com a mesma dignidade e de cabeça levantada.
Desde o momento em que falaram comigo pela primeira vez, fiz, como disse anteriormente uma análise introspectiva.
Perguntei a mim mesma, se teria capacidade de assumir uma responsabilidade destas.
Eu não tomo decisões para ir contra ninguém. Tomo decisões a olhar o futuro e se achar que tenho condições para construir algo.
E é um facto, sem falsas modéstias, que tenho ideias para Caminha, olho para este concelho e sei que podemos chegar longe, só precisamos de mudar o rumo, acertar os caminhos, porque o mais importante nós já temos cá.
Património material, imaterial, natureza e capital humano. Só temos que por tudo a funcionar numa simbiose perfeita.

LE- Qual será o lema da sua candidatura?

LS- O lema, em termos de marketing, sairá no próximo mês, mas existe um princípio basilar de ação : estamos cá para pensar Caminha, com todos e para todos, porque as pessoas é que contam.

LE- A Liliana acusou o executivo de Miguel Alves de falta de estratégia e rigor. Logo urge questionar o que vai mudar e o que urge mudar?

LS- Urge mudarmos o paradigma político.
Quando falo em estrategia, falo em olhar de forma séria para as coisas e perceber onde queremos chegar e o que temos que fazer para o conseguirmos. Não se pode viver de imediatismo e mediatismo das decisões.
Não concordo com decisões tomadas de forma avulsa, a correr atrás de votos.
Acho que tudo tem que ter uma estratégia global de atuação.
Gerir algo é entender que um corpo só funciona como um todo, quando todos os membros e órgãos estão em pleno funcionamento.
O rigor com que se gere um Município é imperioso.
Um Município é um navio que nos colocam nas mãos, porque acreditam que o conseguimos navegar. E nós temos que saber que qualquer viragem no leme implica ter uma estrutura bem oleada e articulada para remarmos todos para o mesmo lado.
E isso só se consegue quando somos transparentes nas decisões. Quando as pessoas entendem o caminho que estamos a tomar.
Não podemos num dia, por exemplo, pôr as pessoas a votar em projectos e no dia a seguir pedir a alguém para fazer outros projectos . Se a estratégia era implicar e ouvir a opinião das pessoas para determinada decisão, então deveria ser a estratégia até ao fim, e não vir a meio com outros projectos , pagá-los bem caros, e não permitir a discussão pública dos mesmos.
Também sou da opinião que todas as contas municipais têm que ser públicas e rigorosas. Os munícipes tinham que ter acesso, por exemplo, a todas as ordens de pagamento do Município de Caminha.
O dinheiro não é de um qualquer presidente da Câmara. O dinheiro que é gasto no Município é de todos os caminhenses.
Este rigor é imperioso.
Aliás, considero que esta transparência é a forma de voltarmos a dar dignidade à acção política e que as pessoas voltem a acreditar em quem nos governa.

 LE- Sempre foi uma defensora de uma ligação rodoviária entre Caminha e La Guardia. Já se ouve falar numa nova ponte entre Valença e Tui. É importante para Caminha esta ligação quando nos concelhos limítrofes já existem? E, que passos ainda vão ser dados para tal?

LS- Sempre considerei esta ligação importante para o progresso de Caminha
A importância de uma ligação a La guardia é algo que me faz todo o sentido.
Se estas ligações não fossem importantes e não trouxessem mais valias, acha que, por exemplo, Viana do Castelo iria construir a sua 3ª ponte e Cerveira e Valença já lutem por mais uma ponte, desta vez pedonal?
Estas ligações tem uma importância inegável, pela valorização económica e circulação de pessoas e bens.
Imagina os movimentos turísticos que podem ser feitos através da costa promovendo assim, por exemplo o Centro histórico de Caminha, o seu comércio, hotelaria e restauração?
O turismo, as trocas culturais, a economia, as empresas, os trabalhadores, enfim, todos ficam a ganhar com esta ligação.
Abríamos assim a possibilidade de ligação, pela costa, desde o concelho de Caminha até baiona e Vigo. Algo que não conseguimos fazer agora mas que, a ser possível, trazia movimento durante todo o ano ao concelho de Caminha.
Se pensarmos que Santa Tecla é o segundo ponto mais visitado da Galiza, facilmente percebemos o que é que esta ligação poderia significar para o nosso concelho.

LE- Sempre falou na necessidade de se captar empresas para o concelho e restruturar e revitalizar as zonas empresariais. Concretamente o que não foi feito e se pode fazer?

LS- O Concelho de Caminha tem uma falha em termos de acção do município na promoção de medidas para alavancar o dinamismo empresarial e industrial que possa fazer crescer a economia e permitir a criação de postos de trabalho.
Na minha opinião, é fundamental a aquisição de uma bolsa de terrenos junto ao nó da A28 na saída para Vilar de Mouros que se possa infraestruturar para podermos ter a capacidade de captar investidores.
A criação de uma zona industrial neste local é fundamental para colmatarmos a falta de emprego existente no concelho de Caminha. Temos mais de 500 pessoas a sair do concelho diariamente para irem trabalhar para outros concelhos. Muita gente já opta por ir viver para fora do concelho e isso traz-nos mais problemas ainda.
E não falo de zonas industriais de enormes dimensões . Falo de uma zona industrial à dimensão de Caminha, com indústria de ponta, que possa permitir a empregabilidade necessária.
Por outro lado, é necessário dar dignidade e condições à zona empresarial de Âncora .
Se pensarmos que vamos na estrada nacional e não vemos um único outdoor indicativo a identificar que empresas estão naquela zona empresarial, já percebemos o estado de abandono por parte do município . É uma zona empresarial que tem potencial para ser um pulmão económico, só precisa que seja trabalhada e que os seus empresários sejam apoiados para terem mais um suporte para seguirem uma linha de crescimento e expansão.
Também tenho falado na necessidade de se criar um centro de investigação e pesquisa, com pequenos polos, à entrada de Dem, protocolado com Universidades e politécnicos .
Um local de excelência , junto à A28 e que permitirá a criação de mais postos de trabalho, numa era mais digital, podendo tornar-se numa incubadora de empresas, de ideias e de estudo.
O próprio tec caminha tem que ser novamente uma realidade. Esta incubadora de empresas está parada há 8 anos.
Diga-me lá se não era importante permitir que esta incubadora de empresas se destinasse aos jovens recém licenciados do nosso concelho para que aqui tivessem um espaço para poderem incubar, criar a sua empresa e arranjarem uma carteira de clientes para depois poderem ir mais fortalecidos por conta e risco.
Muitos jovens acabam os cursos e ficam por outros lados porque aqui não temos nada para lhes oferecer. Assim oferecíamos um local para eles desenvolverem a sua actividade e perceberem que têm, desde o concelho de Caminha, uma possibilidade de crescerem para o mundo.

LE- Criticou a forma que o actual executivo tomou em relação ao PDM. Em que se errou?

LS- O atual PDM penalizou centenas de pessoas no concelho de Caminha . Existiram situações em que locais já devidamente infraestruturados, ficaram sem possibilidade de construção , como aconteceu em Vile, por exemplo.
Por outro lado, junto a zonas já construídas, há terrenos que deixaram de ter possibilidade de construção, sem qualquer justificação plausível.
Reduziram-se índices de construção sem haver justificação para isso.
Um plano diretor municipal tem que refletir uma estratégia para o território e este plano, na minha opinião não reflete uma estratégia de crescimento e de ordenamento.
Por isso acho que deve ser revisto, promovendo uma ampla e transparente discussão pública, freguesia a freguesia, para que todos possam expressar a sua opinião e perceberem a importância deste instrumento municipal.

LE- Supostamente em Maio próximo chega obra para o portinho de Vila Praia de Âncora. Remendo ou não o que se pretende fazer?

LS- Não vai haver obra concreta no portinho. Vai existir um desassoreamento.
Finalmente, e demorou mais de um ano um mero processo de adjudicação de um desassoreamento, o que é inadmissível, porque a vida das pessoas não corre à velocidade da vida de quem está tranquilamente nas cadeiras do poder.
Desde que este porto de mar foi feito já se gastou mais de 8 milhões ( valores gerais) só em desassoreamentos e isto é deitar dinheiro fora.
Se a obra foi mal feita ou está inacabada, então já há muito tempo que tinha que ter sido retificada.
Temos que lutar pela remodelação do porto de mar de Vila Praia de Âncora.
Aliás, veio recentemente o Plano Nacional de Investimentos ( PNI 2030) e tentei que esta remodelação fosse incluida como obra prioritária, até porque sabemos que o novo quadro comunitário 2030 terá uma forte aposta para o mar e por isso esta era a altura certa de aproveitar os fundos que aí vêm.
Veja-se que Viana do Castelo não desaproveitou a oportunidade e incluiu no PNI 2030 a construção de um porto de mar para navios cruzeiro, e nós aqui, ficamos sem nada mais uma vez.
Temos pedido ao longo dos anos um estudo do laboratório nacional de engenharia civil, para ver o problema a apontar soluções. Este estudo tem sido pedido a todos os governos e nenhum assumiu essa responsabilidade.
Mas eu já assumi, no anúncio da minha candidatura, como ponto de honra a assunção do compromisso e encargo de mandarmos fazer nós o estudo ao LNEC para termos um instrumento necessário para quando vierem os fundos do quadro 2030.
Um estudo de 250 mil euros vale a pena se pensarmos que ficaremos a conhecer toda a costa, os problemas da praia de ancora, das dunas dos caldeiroes e ainda do que faltou para que o Porto de mar ficasse em condições.
Uns dirão que é muito dinheiro, outros que até é pouco, mas acho que num orçamento de 25 milhões, esta deveria ser uma rúbrica prioritária.
Este dinheiro justifica-se porque falamos de uma indústria que emprega, entre directos e indirectos, mais de 300 pessoas.
É seguramente a maior industria neste momento no nosso concelho e o município tem que ser parte da solução e não enfiar a cabeça na areia à espera que nos venham resolver os problemas.

LE- Supondo que seria eleita como líder dos destinos da autarquia de Caminha, qual seria a sua primeira medida? E qual será a obra pela qual irá pugnar e que urge realizar?

LS- Não há uma primeira medida. Há muitas medidas que podem entrar logo, porque eu não estaria sozinha. É um trabalho de equipa.
Por isso, desde que devidamente articulado e estrategicamente concertado, pode-se avançar logo com medidas em várias frentes. Medidas que dariam logo uma lufada de ar fresco e dinamismo ao concelho de caminha.
Eu, pessoalmente, já assumi como ponto de honra, a rescisão do contrato com a ADAM por justa causa, porque não acredito num modelo que sirva mais para dar salários milionários a alguns com uma gestão despesista do que para servir bem os munícipes.
A água é um bem essencial e tem que ser devolvida aos caminhenses. E nós temos que ter a capacidade de gerir a nossa água, como o fazem centenas de municípios de norte a sul deste país, sem que seja a população a pagar as más decisões políticas.
O rigor e a transparência das contas públicas é também ponto de honra.
É prioritário haver uma análise certa às contas municipais , torná-las transparentes a toda a população e criar mecanismos de reversão da situação de falência técnica.
Ajustar definitivamente as contas municipais tem que ser uma prioridade.
Como eu tenho dito, sei que não se podem prometer milagres, mas pode prometer-se um rigor inigualável na analise das demonstrações publicas de resultados e um estudo financeiro para cada tomada de decisão municipal.
O dinheiro do município não pertence a nenhum presidente. É dinheiro de todos nós e temos que o saber gerir em prol da população e não em prol de imagens pessoais.
Cada cêntimo gasto deve ter uma explicação e deve ser do conhecimento da população. As pessoas tem que ter acesso à informação das contas municipais e dos gastos sempre que quiserem.

 LE- O que ainda é possível fazer para que a exploração de lítio não seja uma realidade na Serra d’Arga?

LS- Fazer todos os esforços para que haja alteração ao novo regulamento da lei das minas que está em cima da mesa na Assembleia da república, para discussão e aprovação.
Eu sou da opinião, que os municípios têm que dar pareceres sobre os Programas nacionais de exploração mineira e que esses mesmos pareceres têm que ter poder vinculativo. As decisões sobre os nossos territórios não podem ficar somente nas mãos de quem nem conhece os territórios sobre os quais está a decidir.
Não faz sentido algum. Não vivemos numa ditadura.
Se eu estivesse na câmara já tinha o gabinete jurídico do município a trabalhar no sentido legal para impedir esta exploração, nem que tivesse que recorrer aos tribunais europeus.
Este Governo só tem a vida facilitada se andarmos com a conversa do “ não podemos fazer nada”, ou com fait divers sem interesse algum.
Se um presidente assumir uma posição convicta, séria e transparente, com o devido enquadramento legal e com a força da população, acredito que não se atreverão a tentar explorar a nossa Serra.

LE- Liliana Silva, faça um exercício comigo … Quais as virtudes e defeitos do seu opositor?

LS- Permita-me que não o faça, porque não considero que tenha que ter um opositor.
Eu tenho é um projecto que vou mostrar à população.
Para haver um opositor eu tinha que estar contra alguém e eu não estou.
Não estou contra ninguém.
Estou e estarei sempre a favor de Caminha e de todos os que comigo queiram trabalhar numa atitude de abertura e entendimento, sem rasgos de maldade ou interesses políticos e pessoais.

LE- Qual a sua maior virtude?

LS- Não gostar de falhar com ninguém e gostar de ajudar todos.
Sempre fui assim e é assim que me sinto eu mesma.

LE- Existem defeitos … (risos). Aponte um?
LS- Sou teimosa, quando tenho a certeza que estou no caminho certo.

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Isabel Varela
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