Uma quarentena relaxada em Berlim



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A Alemanha enfrentou a chamada primeira vaga desta pandemia de forma muito relaxada. Na primeira grande quarentena em Berlim, em meados de março, parecia que pouco se passava. Enquanto noutros locais se ouvia falar de cidades vazias, por aqui apenas se sentia um acalmar de tudo. Agora sente-se o pesar desse relaxamento, dizem, enquanto os casos e as mortes disparam. Uma continuação do lockdown é já uma realidade.

Durante a primeira vaga, em Berlim, parecia que pouca coisa se passava. Não existiam ruas desertas ou uma versão de uma cidade fantasma, como aconteceu noutros locais. Berlim continuou a ser Berlim; a passo mais lento, com rotinas diferentes. O primeiro isolamento veio em tempo de sol e calor. A chegada da primavera dá uma outra energia à cidade, depois dos meses de inverno.

Numa terra onde o cinzento domina grande parte da paisagem, o sol tem que ser aproveitado ao máximo assim que surge. Este ano tudo mudou. Mas tudo parecia fluir, mesmo quando uma pandemia se alastrava.

Os parques enchiam-se, as pessoas brotavam de todos os lados. A necessidade de sair à rua, aliada ao espírito reivindicativo dos berlinenses, fez relaxar a ameaça de um vírus. O verão é significado de viagens. Há que rumar a Maiorca ou a Portugal na procura do bendito sol. Viajou-se, festejou-se em eventos “ilegais”, encheram-se os parques.

É verdade que existiram alguns cuidados no início. A distância social era levada a sério. Mas há um momento em que os 3.5 milhões de pessoas encurtaram esse distanciamento. O policiamento nas ruas aumentou de modo a evitar ajuntamentos, enquanto os dias continuaram ao sabor do sol. Uma quarentena verdadeiramente relaxada, comparando com a imagem que a pandemia ia tomando noutros países.

Portugal, na altura do verão, estava bem mais organizado e consciente do que por aí anda. Ouviram-se comentários que países como o nosso teriam que abrir, devido à necessidade de dar à sua economia a injeção necessária proveniente do sector turístico. Um golpe baixo, talvez, para quem sempre paga a fatura. Contudo, todo este relaxamento em terras alemãs trouxe uma invasão de casos, que tem matado muita gente por aqui.

Depois de relaxamentos, protestos e manifestações a cidade esvaziou. Merkel falou emocionada ao país. Pediu controle, ordem, para que não se pague o preço, de um talvez egoísmo coletivo e seletivo, com cerca de 600 mortos todos os dias. Encerraram escolas, creches, escritórios e negócios. Continuam abertos os bens necessários, incluindo restaurantes com serviço take away e entregas. O segundo lockdown foi alargado antes da paragem do Natal. Corre o boato de mais um prolongamento, desta feita, até ao final de Janeiro. Todos aguardam as novas medidas, todos anseiam por uma normalidade, que para já ninguém sabe qual é.

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LIa Coelho
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