TRADIÇÃO E REVERÊNCIA A vida e os vivos, acima de tudo!



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Acontece logo no primeiro dia de Novembro! Quando, em simultâneo, assistimos a uma notória transformação da própria natureza.

O recolhimento, a reflexão e a saudade, cingidos de esperança têm, neste tempo, maior incidência sobre nós; em relação aos que já partiram, mas também pelo que somos, neste peregrinar incerto e conscientes da nossa fragilidade humana. Mais dilacerante ainda, com os efeitos de sujeição, em que vivemos; a epidemia de contornos imprevisíveis, amedronta e condiciona. A tradição da ida aos cemitérios, inclui o espectro da morte própria; ninguém quer morrer!

Mas a morte é uma realidade de todos os tempos. Foram e continuam a ser muitos, os artifícios e as teorias, desenvolvidas por filósofos, teólogos e outros pensadores, em busca de resposta, explicação, mais ou menos racional, à luz dos seus conhecimentos e/ou crença. E surge aquela pergunta de sempre: como é que o ser humano vive após a sua morte física? Haverá esse além prometido, idealizado? O conceito que o homem faz dessa realidade varia, em função da educação, da filosofia de vida ou religião, bem como da maturidade e grau de espiritualidade, de cada um. As correntes filosóficas ou religiosas que maior ou menor profundidade têm procurado explicar aquele estado, são inúmeras e temporais.

Na sua maioria, numa descarada atitude de suborno, mentira, ameaça... Que visam obter dinheiro fácil, muito e em pouco tempo! Das tantas correntes de pensamento podemos destacar uma única que desde os primórdios dos tempos vem propondo a mesma explicação até hoje: aquela que nos é revelada através das Escrituras e da promessa numa vida eterna, sublimada pelos anjos e arcanjos. Mesmo assim, tal definição, profunda e coerente, não tem encontrado aceitação numa boa parte dos próprios cristãos, existindo uma grande diversidade na interpretação dessa Palavra. Apesar de tudo, a morte continua a ser um enigma; subsiste o mistério! O homem permanece sujeito à lei que a Natureza lhe vai impondo, sem hipótese de resposta! Logo ao nascer uma certeza o acompanha na vida: a morte! Rico ou pobre, grande ou pequeno, todos havemos de passar a fronteira que nos separa da outra margem rumo ao infinito, numa viagem sem retorno que convém preparar; de facto “não existe atalho para a santidade”!

De pouco ou nada servem as lágrimas, as palavras ou os gestos, tantos sinais exteriores de tristeza e condolência, quando em vida nos alheamos das boas práticas, da comiseração e das boas maneiras! Como refere o Papa e bem, sobre o ser humano, que considera estranho, nomeadamente, quando, “se afasta dos vivos e se agarra, desesperado quando estes morrem; fica anos sem conversar com um vivo, desculpa-se e faz homenagens, quando este morre; zanga-se com os vivos e leva flores aos mortos”! O Papa Francisco conclui: “Aos olhos cegos do homem, o valor do ser humano está na sua morte, e não na sua vida”! Grande verdade que nos devia fazer mudar de atitude. Já pensamos, a sério, nisso? Podemos facilmente entender que, os adornos das nossas sepulturas, sendo importantes, não são a essência da Solenidade de Todos os Santos e Fiéis Defuntos, memorável demonstração de fé e saudade.

Que esta sentida homenagem aos nossos familiares e amigos, em tempo de pandemia, nos ajude a encontrar caminhos novos de reconciliação, de harmonia e de paz. Que a nossa preocupação, seja centrada sobre o essencial, em detrimento do ilusório, do perecível e acessório. Primeiro os que vivem ao nosso lado, tantas vezes do mesmo sangue; a vida e os vivos, acima de tudo e de todos!

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António Fernandes
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