(Tempo de leitura: 2 - 3 minutos)


Nos primeiros seis meses de 2024, os cinco principais bancos a operar em Portugal registaram um impressionante aumento dos lucros, que ascenderam a quase 2 mil milhões de euros.

Este resultado representa um crescimento de 58,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior, conforme apurado por várias fontes, incluindo a agência Lusa. Este cenário de prosperidade surge numa altura em que muitos cidadãos ainda lidam com os efeitos da crise económica e aumentos do custo de vida.

 O Contexto do Crescimento

O crescimento significativo nos lucros dos bancos é, em larga medida, impulsionado pelo aumento das taxas de juro. As taxas mais elevadas tendem a melhorar a margem de juros líquido, que é fundamental para a rentabilidade dos bancos. O Banco Central Europeu optou por aumentar as taxas de juro na tentativa de combater a inflação, proporcionando assim aos bancos uma oportunidade de aumentar os seus rendimentos com empréstimos e créditos.

 De acordo com os dados disponíveis, os quatro maiores bancos privados — Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Novo Banco e Santander Totta — conseguiram um lucro agregado de 3.153 milhões de euros ao longo de 2023, marcando um crescimento de 81,9% face ao ano anterior. Este é um sinal claro do fortalecimento do setor financeiro, particularmente em tempos onde a digitalização e a inovação tecnológica estão a permitir maior eficiência operacional.

Encerramento de balcões e corte de centenas de postos de trabalho

Contudo, este crescimento dos lucros é acompanhado de uma crítica significativa. Em anos recentes, os cinco maiores bancos fecharam dezenas de balcões e cortaram centenas de postos de trabalho. Em 2022, por exemplo, foram encerrados 104 balcões e o efetivo foi reduzido em 635 trabalhadores. Enquanto os lucros aumentam, a realidade para muitos trabalhadores bancários e clientes é uma de incerteza e dificuldades.

A sociedade portuguesa debate-se, assim, com a ideia de que os lucros devem ser partilhados de forma mais justa, especialmente quando se considera a luta de muitos para lidarem com despesas de habitação e bem-estar. As críticas à gestão dos lucros, que muitas vezes não se traduzem em melhores serviços ou em um apoio efetivo à comunidade, estão em crescendo, levando a um questionamento sobre a responsabilidade social das instituições financeiras.

O Futuro da Banca em Portugal

À medida que os bancos continuam a reportar lucros recorde, o futuro do setor bancário em Portugal poderá depender da forma como estas instituições respondem a um contexto social em mutação. A pressão por uma maior transparência, responsabilidade social e uma melhor relação com os clientes é crescente. Assim, será crucial que as entidades bancárias não apenas se concentrem na maximização dos lucros, mas também na criação de valor para os seus clientes e na contribuição para uma sociedade mais equitativa.

Em suma, enquanto os números refletem um setor bancário robusto, o verdadeiro desafio será encontrar um equilíbrio entre a rentabilidade e a responsabilidade social. Afinal, os lucros são inevitavelmente importantes, mas o bem-estar da sociedade e a sustentação da economia portuguesa são igualmente cruciais para um futuro próspero.

 

EMBAIXADA DE PORTUGAL

Colunistas

Ambiente

We use cookies
Usamos cookies no nosso site. Alguns deles são essenciais para o funcionamento do site, enquanto outros nos ajudam a melhorar a experiência do utilizador (cookies de rastreamento). Você pode decidir se permite os cookies ou não. Tenha em atenção que, se os rejeitar, poderá não conseguir utilizar todas as funcionalidades do site.