TRÊS ANOS DE UMA LENTA AGONIA As tragédias de um incêndio!



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 Passaram três anos, sobre aquele violento incêndio, que deixou apenas, as paredes sólidas, da igreja paroquial em Lavradas, em Ponte da Barca. Uma tragédia material, patrimonial, mas também de afectos e graves danos, morais e sociais. Com as inevitáveis consequências de corrosivo desgaste, numa permanente e lenta agonia! Três anos de acentuada tensão, entre as partes que nunca deviam existir. Uma delas criada à revelia de tudo e de todos! Nascida de uma concertada leviandade, alguns meses depois, com a corroboração da junta fabriqueira e alguns amigos, apoiados num novo projecto; indecoroso intento de construir uma igreja nova, que inclui o desaparecimento da casa paroquial, protegida e considerada património da freguesia. “Subiu-lhes o dinheiro à cabeça e não controlam o conforto financeiro que lhes está a ser dado”! Desabafou um assíduo paroquiano, que não perde a fé, na sua essência, mas o afastou de uma determinda crendice!

A freguesia e aqueles que contribuíram, sempre se pautaram, pela simples reconstrução, com base, nas primeiras iniciativas, que incluem a recolha e angariação de fundos, do dinheiro necessário para uma obra urgente! Que ronda agora, cerca de meio milhão de euros. Gente que continua a defender e a exigir o cumprimento daquilo que foi prometido; tem lógica é sensato e justo!

Foram três anos de espera; de controvérsia, de animosidade e muita tensão. Três anos de confronto psicológico, de pesquisa e de manifestação. Três anos a exigir um mínimo de respeito e de diálogo; três anos depois e tudo na mesma, para muito pior! Mil e noventa e cinco dias de expectativa, que trouxe à localidade algumas personagens. Desde logo o Sr. presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que rapidamente se demarcou, de um caso controverso e por isso contestado; terá lamentado essa deslocação, também pelas informações que recebeu, na sequência dessa sua visita!

Veio, naturalmente o Sr. Bispo e outros prelados, para lamentar o sucedido, mas sobretudo para pedir, de imediato, “ajuda fraterna”, financeira, dinheiro: “Sugiro que as esmolas recolhidas sejam canalizadas para as obras de recuperação desta igreja”, 19.12.2017 – dixit, D. Anacleto Oliveira.

A preocupação de angariar os tais fundos, sobrepunha-se aos lamentos e às preces! Depressa se passava da emoção a uma organizada campanha de caça ao dinheiro! E a resposta não se fez tardar, tão espontânea e generosa, se veio a revelar; debaixo de uma forte emoção, para mais tarde se tornar numa contida abominação, face às divergências e às orientações, aos cálculos e às subtilezas, daqueles que excluíram referendar, submeter a uma decisão alargada, à expressão de um voto, à escolha que podia e devia separar o trigo do joio!

Vieram também, os agentes do poder local, estupefactos com aquele apocalíptico cenário! E logo se prontificaram para a prestação de serviços e outras ajudas, no sentido de reconstruir, de reaver o templo! Houve protocolos e donativos públicos e uma vontade de colaborar, que se veio a revelar, um estrondoso fracasso político, de clara incompetência e suborno; um caso do foro religioso transformou-se num ísco e torpe causa política; por sinal, com eleições à vista! No entanto este comportamento poderá vir a ser, um tiro de canhão no próprio pé; porque, em política, não pode valer tudo e ainda menos quando estão em cima da mesa situações desta amplitude social e religiosa; o povo não dorme e sabe fazer a diferença; no momento certo revela-se, tantas vezes, com surpreendentes resultados!

Vieram ainda, os jornalistas e as televisões. Ao encontro de uma população traída na sua prodigalidade e benevolência! Realizaram um trabalho digno; leal e transparente tendo-lhes sido negado o contraditório. Provavelmente por não haver qualquer argumentação credível, tão manifesto se revelou o engodo! A imprensa nacional voltou, para a entrevista e a opinião. A reconstrução foi sempre a palavra de ordem; incompetência, vergonha e dinheiro fazem parte das dicções mais citadas.

Houve manifestações e gritos de revolta. Houve pichagens, legendas e muitas mensagens. Sem nunca faltar, os sinais de repudio e outros apelos ao diálogo e aproximação. Houve lamentos e insultos, discórdias e pandemónio! Tudo com o aparente consentimento de uma Igreja vocacionada para a prática do bem; na concórdia, na harmonia e a paz social. Sobre este caso, esta mesma Igreja mostrou-se desprovida  de autoridade e vazia dos valores que promovem, que dignificam e salvam; também noutras áreas da pastoral economicista, com incidências sociais que interpelam e preocupam! Essas são contas de outro rosário, naturalmente.

Bem mais tarde, já para além de dois anos passados sobre aquela pouca sorte, veio a pandemia e consequente acréscimo das dificuldades para todos. Uma sociedade fustigada por um vírus, que não chegou a ser lição para uma junta fabriqueira, sempre na mira da esmola, do dinheiro, apesar de cumulado o montante suficiente para realizar a obra! Que sistematicamente vão adiando. Foi nesse contexto, de limitação e de restrições, que foi criada uma Comissão Cívica e de Acompanhamento, representativa da sociedade civil organizada, não para ser contra ninguém, mas antes para estar ao lado de uma junta Fabriqueira fragilizada, nas suas decisões e competências. A precisar de se renovar, até porque terminou o actual mandato e são poucos, os que se revêem, numa recondução do cargo!

Assim o entendam por bem, a nova Comissão Cívica e Junta Fabriqueira, que vier a ser constituída; dar as mãos naquilo que é, a requalificação de uma grande obra que o povo já pagou. Gente idónea e amiga, mas também firme na sua determinação, cujo objectivo é respeitar um código de conduta, que assenta na reconstrução da igreja, tal como indicado e defendido na campanha e angariação de fundos, que ronda agora os 500mil€uros.

No rescaldo destes três anos, somaram-se agoniosas situações, numa planeada e cruel desumanidade, ainda mais dolorosa, por ser a própria Igreja, a liderar esta contenda; de criar, de manter e de atiçar tão desconfortável situação! Um balanço negro, se atendermos aos prejuízos morais e mesmo financeiros, de toda uma comunidade! Num desassossegado dilema, onde faleceram para cima de 50 pessoas, desde então! E nada nem ninguém lhes reparou a mágoa de não terem assistido à reedificação da “sua” igreja paroquial; outros mais partiram deste mundo, de forma abrupta, sem tempo para qualquer reparo, ou contrição! Reza a sabedoria e a caridade, que devemos estar livres do pecado, que neste caso é de grave omissão.

O povo, esse desperta em cada dia, de um já longo pesadelo e sublinha, a cada momento, a sua preocupação, ansioso de uma decisão, sôfrego dos primeiros movimentos, com vista à reconstrução da igreja que ardeu faz agora três anos! Um povo que sabe esperar, sem tolerar os desvarios. Cumpridor e exigente na acção e no compromisso assumido! Sábio e tolerante, justo e rigoroso na sua conduta. Merecendo desta causa, em curso de resolução, uma resposta idêntica; sensata, adequada e justa. Que venha, com a maior brevidade essa deliberação, como sinal de profunda gratidão! Tanta foi a generosidade, assente nos donativos, nos gestos amigos e fraternos, na confiança; cá, mas também além fronteiras, nomeadamente em França, Luxemburgo, Andorra... Canadá e América. O momento é de profunda reflexão, que deve culminar, com a decisão de reconstruir a igreja, sem mais freios, nem hesitação; por todos e para todos, sem qualquer preferência ou distinção! E desse modo restabelecer o direito e a dignidade!


“É uma vergonha também em Ponte da Barca haver um caso “Pedrogão Grande”. Tem que ser investigado!” -António Dantas

“Será que isto não vai ter fim? Já não há paciência para estes jogos, que não levam a lado nenhum! Onde está Deus no meio disto tudo?”

-Eva Pereira

“Há uma contenda de contornos preocupantes... O que está a faltar é bom senso e espaço para o diálogo. Gostava de ver a malta em paz.” -Inês Portocarrero

“Isso é mentira Álvaro. A casa paroquial, assim como os bens pertencentes à igreja, pertencem à Fábrica da igreja de Lavradas.” -Manuel Sendão, tesoureiro fabriqueira. 

De que estão à espera? Já passou tempo a mais, a igreja não precisa de política, precisa de ser reparada”

-Lucinda da Silva

“É mesmo uma vergonha, o povo não merece ser enganado, tenham respeito.” -António Álvaro Gomes

“Porquê tentar esconder informação? Que interesses estão subjacentes? O Sr. presidente da Câmara tem inviabilizado a reconstrução daquele templo… –Maria José Gonçalves, Vereadora Câmara Municipal, Ponte da Barca

“Animados pelo fogo do amor de Deus e aos irmãos, queremos congregar todos os esforços na reedificação da igreja paroquial de São Miguel de Lavradas” -O Pároco, José Filipe Sá 

 “Segundo a minha opinião, não devem acabar nem identificar-se, assim cria mais adrenalina e imaginação. Continuem a fazer o ótimo trabalho que têm realizado. Pois já deu muitos e bons frutos. Abraço.

Manuel Sendão, tesoureiro da junta fabriqueira, a incitar os perfis supostamente falsos, a uma actividade caluniosa e por isso atentatória à dignidade das pessoas!

“Faço votos para que todos se entendam e espero que não permitam a construção de um barracão moderno, ainda por cima destruindo uma casa feita com o dinheiro do povo”

Magalhães Sant’Ana

“Num Estado de Direito Democrático e Laico fazer política com assuntos de teor religioso e que envolve questões de valor sagrado é lamentável e condenável” –Maria José Gonçalves, Vereadora Câmara Municipal, Ponte da Barca

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António Fernandes
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