EVOCAÇÃO In Memoriam



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Ao Padre Dr. Manuel Fernandes de Sá – que “continua vivo na nossa Memória; qui estamos para o recordar, neste dia tão simbólico”.

“Cemitério” significa dormitório, local de repouso, e, por isso, a única atitude adequada a este espaço sagrado é a do silêncio.

Viemos até aqui, em recolhimento interior, porque, há 30 anos, precisamente no dia 26 de dezembro de 1991, partiu do nosso convívio um “barão assinalado”, um amigo. Trinta anos depois, evocámo-lo, aqui e agora, porque ele é um dos nossos “que por obras valerosas” se vai “da lei da Morte libertando” (Luís de Camões).

Nesse dia 26 de dezembro de 1991, pelas seis horas da manhã, no então Hospital de S. Marcos, em Braga, o Padre Sá desapareceu na “curva da estrada”, como escreveu Fernando Pessoa:

“A morte é a curva da estrada,

Morrer é só não ser visto.

Se escuto, eu te oiço a passada

Existir como eu existo.”

Acontece que, “Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Expéry).

Por isso, o Padre Sá continua vivo na nossa Memória, e aqui estamos a recordá-lo, a trazê-lo, de novo, ao nosso convívio através do coração, neste dia tão simbólico e pleno de carga emocional.

Na coroa de flores que vamos colocar no seu túmulo, trazemos o perfume da nossa amizade e da nossa gratidão, o colorido e a alegria do seu convívio, a beleza e a grandeza da sua sabedoria.

Estamos gratos, caro Padre Sá, pelos seus 70 anos de vida – teria celebrado o seu centésimo aniversário no passado dia 21 de fevereiro…

Estamos gratos, caro Padre Sá, pelo seu serviço à Igreja, ao longo de décadas de doação sacerdotal como pároco dedicado e notável orador sacro, primeiro em Divino Salvador de Arão, Valença, depois nas paróquias de S. Miguel de Entre Ambos-os-Rios, S. Silvestre da Ermida e S. Vicente de Germil e, a partir de 1959 e até à data da sua morte, em S. João Batista de Ponte da Barca e Santo Adrião de Oleiros.

Estamos gratos, caro Padre Sá, pelo seu serviço professoral, na Escola Técnica de Ponte de Lima, atual Secundária, na Secundária de Monserrate, em Viana do Castelo, e nas Secundárias de Arcos de Valdevez e de Ponte da Barca.

Estamos gratos, caro Padre Sá, pelo magnífico presente que nos ofereceu ao dar-nos o privilégio do seu convívio, partilhando connosco o precioso património de um Humanista e o testemunho sempre presente e próximo de um sacerdote e de um amigo.

Há 30 anos, o Padre Sá desapareceu na “curva da estrada”, para, nas palavras de S. Paulo, ir “receber a coroa da Justiça” que o Senhor, justo Juiz, lhe reservara, depois de um percurso de 70 anos cheios de vida, em que combateu o bom combate e guardou a fé.

Trinta anos depois, trazemos nestas flores o perfume e o colorido da nossa amizade e gratidão. E rezamos, como há três décadas, citando o grande Antero de Quental:

“Dorme o teu sono, coração liberto,

Dorme na mão de Deus eternamente!” - Descansa em Paz!

Luís Arezes




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