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Foto: Tony Da Silva


Bruxelas, 19 nov 2024 (Lusa) - O Alto Representante da União Europeia (UE) para a diplomacia recusou hoje relacionar a decisão de Washington de disponibilizar mísseis de longo alcance à Ucrânia com um cenário de uma “hipotética guerra nuclear”.

“Não vejo uma relação entre a decisão do Presidente [dos Estados Unidos, Joe Biden] e uma hipotética guerra nuclear”, disse Josep Borrell, numa conferência de imprensa no final de uma reunião ministerial de Defesa, em Bruxelas, no mesmo dia em que o Presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto relativo à nova doutrina nuclear de Moscovo, que alarga a possibilidade de utilização de armas nucleares.

Nas mesmas declarações, o Alto-Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança insistiu que é “uma irresponsabilidade” falar na utilização de armamento nuclear, aludindo às sucessivas ameaças que Moscovo fez desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, e que agravou com o decreto assinado hoje.

O decreto em questão alarga a possibilidade de utilização de armas nucleares, permitindo o uso alargado deste tipo de armamento contra qualquer “agressão” por parte de um “Estado não nuclear, mas com a participação ou apoio de um país nuclear”.

A ratificação ocorreu no dia em que se assinalam mil dias da ofensiva russa contra a Ucrânia.

“Entre as condições que justificam o uso de armas nucleares está o lançamento de mísseis balísticos contra a Rússia”, segundo o decreto.

A decisão de Putin está a ser interpretada como uma resposta à disponibilização à Ucrânia de mísseis de longo alcance ATACMS por parte dos Estados Unidos da América (EUA).

A decisão de Washington foi revelada após mais um fim de semana de ataques russos em grande escala e mortíferos contra a Ucrânia e apenas algumas semanas antes da transferência de poder do Presidente cessante, Joe Biden, para o republicano Donald Trump, o vencedor das eleições presidenciais de 05 de novembro.

Com este armamento, a Ucrânia poderá atingir mais alvos militares no território russo, pressionando ainda mais o país vizinho, depois da ocupação em agosto de parte da região russa fronteiriça de Kursk, a primeira incursão terrestre que a Rússia sofre desde a Segunda Guerra Mundial.

A UE e a NATO têm elevado o tom das críticas a Moscovo depois de ter sido confirmada a presença de militares norte-coreanos na Rússia para apoiar a incursão no território ucraniano.

A decisão foi considerada uma escalada sem precedentes do conflito que começou em 24 de fevereiro de 2022.

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