Era uma vez, num canto animado de um jardim, uma Cigarra que passava os dias a cantar e a dar concertos em palcos por todo o mundo. Era famosa, rica e, quando não estava em tournée, desfrutava de uma vida despreocupada, rodeada de fãs e luxos.
A sua música encantava a todos e parecia que nunca lhe faltava a felicidade.
Enquanto isso, a Formiga dedicava-se a um trabalho árduo, dia após dia. Desde jovem, havia sido sempre responsável e metódica, a juntar provisões para o inverno. Porém, mesmo após uma vida inteira de esforço e sacrifício, ao chegar à reforma, percebeu que mal tinha o suficiente para sobreviver. O subsídio da velhice que recebia não cobria as despesas com os medicamentos e tratamentos que precisava devido às doenças acumuladas ao longo dos anos de trabalho.
O inverno chegou, e a Formiga, com o seu pequeno abrigo e ração escassa, sentia o peso da solidão e da tristeza. Um dia, enquanto revirava o pouco que tinha, ouviu de longe a melodia conhecida da sua amiga Cigarra. Esta, após uma longa digressão, decidira voltar para visitar o jardim.
Ao ver a cena da Formiga a lutar para sobreviver, a Cigarra sentiu-se tocada. Percebeu que, apesar do seu sucesso, a vida não era justa para todos. Assim, aproximou-se da Formiga, que a recebeu com um sorriso triste.
— Olá, minha amiga! — disse a Cigarra com preocupação. — Como estás a aguentar o inverno?
A Formiga suspirou e respondeu: — Tenho o que posso, mas o subsídio mal chega para as despesas. Sempre trabalhei muito, mas agora sinto que me faltam as forças.
A Cigarra, então, teve uma ideia. — Eu sei que a música não enche a barriga, mas o que te parece se eu fizer concertos de beneficência? Com a ajuda dos meus fãs, podemos angariar fundos para te ajudar.
A Formiga hesitou. — Se puder ajudar de alguma forma, agradeço. Mas, por favor, não deixes de fazer música por mim.
Nos dias seguintes, a Cigarra organizou concertos, promovendo o talento da Formiga. Juntas, trouxeram alegria e esperança ao jardim. A Cigarra doou os lucros das suas actuações, e a Formiga, com um novo espírito, encontrou formas de se manter ocupada e contribuir para a comunidade.
Eventualmente, a combinação da música e do trabalho duro fez milagres. A Formiga começou a receber o apoio que tanto precisava e a Cigarra percebeu que a verdadeira riqueza estava em ajudar os outros.
E assim, numa lição de solidariedade, a Cigarra e a Formiga mostraram a todos que, embora sejamos diferentes e possamos ter diferentes estilos de vida, o essencial é apoiar-nos uns aos outros, dignificando o trabalho e celebrando a amizade.
E viveram felizes, pois aprenderam que a verdadeira harmonia reside na união entre as suas diferentes canções e lutas.
Moral da história:
O sucesso não se mede apenas em riqueza, mas na capacidade de apoiar os que nos rodeiam e de encontrar uma forma de unir esforços.