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O secretário-geral do JPP, Élvio Sousa, afirmou hoje que o presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), não pode ser perdoado depois de ter virado as costas à população enquanto um incêndio lavrava na ilha.

“Nós não podemos perdoar um presidente do governo que virou as costas à população. Eu senti uma grande vergonha em ver um presidente do governo, de nome Miguel Albuquerque, com a Madeira ainda a arder, pessoas angustiadas com medo de perder as suas casas, os seus haveres, as suas culturas, e virar as costas e ir para o Porto Santo estender-se na espreguiçadeira”, declarou Élvio Sousa.

O secretário-geral do JPP e líder parlamentar na Assembleia Legislativa Regional falava num jantar com cerca de 200 militantes e simpatizantes do partido, nas zonas altas do concelho da Ponta do Sol, para assinalar a 'rentrée' política do partido.

Élvio Sousa defendeu que o Governo Regional minoritário do PSD é “fraco”, realçando que Miguel Albuquerque “ainda governa a região porque tem como fiadores o CDS, o Chega, o PAN e a Iniciativa liberal”.

“E eles são tão cúmplices e são tão responsáveis por tudo aquilo que Miguel Albuquerque fez até ao momento e vão ser responsáveis por aquilo que Miguel Albuquerque vai fazer doravante no Governo Regional”, acrescentou.

“O que é que eles disseram ao facto de Miguel Albuquerque ter voltado as costas aos madeirenses enquanto a Madeira ainda ardia? Eles estão calados”, criticou.

O secretário-geral do JPP voltou também a criticar o presidente do executivo regional por não ir prestar esclarecimentos presencialmente no parlamento regional sobre a gestão do incêndio que deflagrou em 14 de agosto e lavrou durante 13 dias.

A comissão especializada de Saúde e Proteção Civil da Assembleia Legislativa da Madeira aprovou, em 26 de agosto, um requerimento do JPP para ouvir o presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, e o secretário regional da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos.

Miguel Albuquerque já indicou que vai responder por escrito.

O parlamento regional é constituído por 19 deputados do PSD, 11 do PS, nove do JPP, quatro do Chega, dois do CDS-PP, um da IL e um do PAN. O PSD assinou um acordo parlamentar com o CDS-PP, insuficiente, ainda assim, para conseguir a maioria absoluta.

O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou em 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. No dia 26, ao fim de 13 dias, a Proteção Civil regional indicou que o fogo estava "totalmente extinto".

Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.104 hectares de área ardida, embora as autoridades regionais tenham sinalizado 5.116.

Durante os dias em que o fogo lavrou, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores foram regressando a casa.

O combate às chamas foi dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas, segundo o Governo Regional, não há registo de feridos ou da destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, embora algumas pequenas produções agrícolas tenham sido atingidas, além de áreas florestais.

No âmbito da investigação judicial, foi já constituído um arguido.

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