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Tenho tido muitas discussões, a mais das vezes só comigo, sobre o actual estado de Portugal.

Um país cuja história é marcada por grandes feitos, por cruzar os mares em busca do desconhecido, por levar os nossos homens e a nossa cultura para terras longínquas de além-mar.

O Portugal dos dias de hoje, é triste, pobre em políticos, pobre em heróis, e acima de tudo, pobre em povo. A tristeza, pior, a melancolia, invadiu os corações dos portugueses, pelo menos desde a mudança para este século. A esperança e a alegria que o último quarto do século XX nos trouxe, esvaíra-se em pó.

Os políticos onde se nota a falta de líderes inspiradores, de figuras que possam erguer a nação com coragem e determinação, não passam de pobres de espírito e sem sentido de Estado, que com uma verborreia abundante e estéril tomaram conta do país, abandalharam-no, empobreceram-no a ponto de vivermos de esmolas, tornaram-no num poço sem fundo de corrupção, e, através de um modelo de ensino “modificado e exemplar”, “modernizaram” o povo com ideias estapafúrdias, vindas de lá de fora, e que nada tinham a ver com o nosso pensamento e maneiras de ser, assim destruindo por dentro a identidade do nosso povo, bem visível na geração “Y” e seguintes.

Este é um Portugal que se tornou vítima das suas próprias escolhas, que se permitiu ser moldado por ideias estranhas e distantes das suas raízes. A nossa história fala-nos de valentia, de nobreza e de um povo imortal, mas parece que esses ideais se dissiparam. Hoje somos um povo carente de heróis, de pessoas que possam guiar-nos em direção a um futuro grandioso, imponente pela magnificência, no entanto, apesar de exportarmos muitos dos nossos melhores, e são mesmo muitos e bons, vivemos numa nação empobrecida, tanto em espírito quanto em recursos materiais. Os políticos que em nós mandam e desgovernam, e que deveriam zelar pelo bem comum, mostram-se carecidos de visão, afundando o país num mar de degradação moral e desânimo.  

Enquanto o meu pensamento vagueia sobre este cenário, não posso deixar de pensar em Camões e nos 500 anos do seu nascimento que este ano se comemoram, e nos sublimes feitos concretizados pelos navegadores que partiram em busca de novas terras. Que triste contraste entre o passado glorioso e o presente tristonho, e como veemente desejo ver surgirem líderes que possam inspirar o povo, despertando em cada um de nós a chama da coragem e da resiliência, e reavivam a índole desta minha nação que já foi nobre e valente. Afinal, somos descendentes de uma nação imortal, e é chegada a hora de relembrarmos o nosso legado e percorrermos novos rumos à descoberta de um radioso futuro.

 

   José Fernando Magalhães

“- Por decisão do autor, este artigo encontra-se escrito em Português, e não ao abrigo do «novo acordo ortográfico».”

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