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 Os lucros dos bancos vão direitinhos para os acionistas, mas pouco ou nada chega aos trabalhadores bancários e, inclusive, é retirada uma parte dos aumentos aos reformados.

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19 de abril de 2024, por João Paulo Pires

 Os resultados dos principais bancos em Portugal em 2023 foram excepcionais. Os grandes bancos lucraram 12 milhões de euros por dia. O recorde foi de 4,3 mil milhões em 2023.

Estes resultados são explicados essencialmente pelo efeito da subida vigorosa dos juros do crédito e pela tímida subida dos juros nos depósitos. Só nesta estratégia se explica um grande crescimento de resultados com prejuízo para quem pediu crédito e para quem fez depósitos entretanto corroídos pela inflação.

Por outro lado, a mão-de-obra especializada, mas barata vem contribuir para o crescimento destes resultados apenas contrabalançado pelo pagamento de avultados salários aos CEO.

Em 2022, a remuneração dos CEO das empresas cotadas na bolsa portuguesa superou em 32 vezes o salário médio dos restantes trabalhadores. Será que os CEO acrescentam assim tanto valor às empresas. Será que os CEO pela europa fora ganham 32 vezes o salário médio dos restantes trabalhadores das respetivas empresas, conforme estudo da Deco?

No caso dos reformados da banca ainda é sonegada uma parte do aumento da reforma atribuído pela segurança social, sempre que ocorre uma atualização das reformas e dos salários no setor bancário, o que afeta quase 40 mil famílias, como destacado por Paulo Marcos no Jornal Económico.

 Cumprir a lei implicou aumentos de 8,40% nas reformas da Segurança Social em 2023 e, previsivelmente, algo em torno de 6% para 2024. Isso porque a inflação (IPC) e o crescimento real do PIB são fatores considerados na equação que determina o valor anual desta atualização.

 Contudo, vários bancos têm-se apropriado, de maneira inaceitável, de uma parte considerável desses aumentos, sobretudo da parte que excede os valores negociados em acordos coletivos (4,5% em 2023 e, até agora, uma proposta de afronto de 2% para o ano corrente).

 A restituição pelas atualizações das pensões pelos bancos deve ser feita dentro do limite da sua responsabilidade na atualização das pensões sob a responsabilidade da instituição bancária. Se houver uma diferença significativa em relação ao ajuste feito pela Segurança Social (o que parece ser o caso em 2023 e 2024), o excesso deve ser devolvido ao reformado do setor bancário, e não à instituição bancária.

Esta apropriação que alguns bancos estão a realizar é moralmente questionável e caracteriza um enriquecimento à custa da reforma dos bancários. Em relação a uma pensão média no setor, poderemos estar a falar de mais de 100 euros por mês retidos desta forma. Estamos a falar de dezenas de milhares de euros por cada trabalhador bancário reformado. Desta forma os resultados alcançados pela banca também são devido aos ajustes proporcionados pela segurança social, mas em desfavor dos reformados.

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