Parceiros

(Tempo de leitura: 2 - 3 minutos)


Decorridos 50 anos desde a queda do regime do Estado Novo, a pátria e os seus compatriotas ainda não estão completamente resolvidos com os momentos fundadores da nossa democracia.

Existe, aliás, quem faça por fomentar mais conflito e discórdia sobre factos há cinco décadas cristalizados.  Não é bom sinal que os grandes dias 25, de Abril e de Novembro, ainda hoje sejam alvo de debates simplistas e puritanos.

Portugal em 2024 não é o Portugal de 1974 nem o de 1975. A sociedade mudou. O pensamento e a forma de estar também.  Os problemas são outros e as ambições do cidadão português mudaram.

As ações fundacionais da democracia deveriam ser todas elas celebradas.  E mais do que celebradas, estudadas. Divulguemos os traços da história e todo o nosso caminho democrático, para que as futuras gerações relembrem verdadeiramente todo o caminho de luta, coragem e aprendizagem da revolução que fez cair a ditadura.

É importante perceber que a cronologia que vai de 25 de Abril 1974 a 25 de Novembro 1975 é, de facto, pautada por grande tumultos sociais, lutas ideológicas e até físicas. Mas estes dois “25” da nossa história estão e estarão sempre unidos, porque a história dos factos assim o diz.

Lembramos as ocupações de propriedade privada, muitas delas traumáticas, por força de um controlo afeto PCP e a alguma da esquerda revolucionária.  Lembro, por exemplo, que a redação do Diário do Sul (jornal mais antigo da região de Évora) foi ocupada pelo MDP/CDE, MES e PCP e o seu proprietário foi preso, apelidado de fascista e de utilizar as suas páginas para manobras reacionárias. Tudo isto aconteceu e faz parte da história também.

O 25 de Novembro acabou com o tumulto que se instalou pós-revolução e que alimentava uma ambição de fundar a ditadura do proletariado durante o período do PREC.  Foi o 25 de Novembro que abriu caminho para eleições livres e para uma verdadeira constituição democrática.

As revoluções não se fazem num só dia. São uma sucessão de acontecimentos, vontades populares e políticas. Reconhecer Novembro é festejar a liberdade e a democracia. Não se trata de substituir datas, nem de revanchismo, ou de “reviralhos”. É simplesmente uma questão de reconhecer o dia que completou um caminho. O dia a partir do qual se criaram, verdadeiramente, condições políticas e materiais estáveis, para serenar o país e fazer dele um espaço de pessoas livres.

Foi a 25 de Novembro de 1975 que se conseguiu que a história não relembrasse Abril como hoje olhamos para a data de término da primeira República.

Hoje somos livres porque existiram portugueses valentes que fizeram Abril e Novembro.

Celebro as duas datas não em separado, mas como consequenciais, de forma sentida, efusiva e agradecida.  Agradeço a liberdade e a cristalização do caminho que nos levou a ela.

Boletim informativo

FOTO DO MÊS

We use cookies
Usamos cookies no nosso site. Alguns deles são essenciais para o funcionamento do site, enquanto outros nos ajudam a melhorar a experiência do utilizador (cookies de rastreamento). Você pode decidir se permite os cookies ou não. Tenha em atenção que, se os rejeitar, poderá não conseguir utilizar todas as funcionalidades do site.