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O desporto é uma forma de recriação humana que pode aumentar o desenvolvimento sustentável para a felicidade, não somente porque o nosso corpo libera hormonas que promovem o bem-estar, mas também porque tem uma componente de formação pedagógica e desperta diversas paixões.

Em Portugal os dados da Portada dizem que o número de praticantes e federados tem vindo a aumentar anualmente. Em termos de comparação no ano de 2000 havia 332.761 desportistas, em 2010 o número quase que duplicou para 522.433 e os últimos dados relativos a 2023 dizem-nos que já são 773.800 praticantes.

O saldo tendo em conta o ponto de partida é ótimo, mas se analisarmos a perspetiva global, há dados que suscitam duvida. Portugal tem uma população de mais de 10 milhões de cidadãos e por isso podemos concluir que os praticantes de desporto são menos de 10%.

Há outros dois dados que vale a pena analisar, porque são carências objetivas e por isso coincidentes com um caminho a ser percorrido. O primeiro é a disparidade de género. Existem 529.891 atletas masculinos, mas o número cai para metade nas atletas femininas com 249.909 praticantes. O segundo dado toca nas faixas etárias que praticam atividade desportiva, nota-se que o atleta depois do início da idade adulta deixa o desporto.

Os dados são bastante simples. Até à idade de juniores praticam 447.811 desportistas, mas nos juniores (pelos 18 anos) existe uma descontinuidade enorme, somente 53.670 atletas, perfazendo uma quebra acentuada, os números sobem anemicamente nos seniores e veteranos, mas ficam nos 100 mil e poucos desportistas.

Podemos concluir a partir destes dados que é preciso incentivar ao desporto feminino e é essencial ações de mitigação na descontinuidade da prática desportiva na transição para a vida adulta.

Como nota de relevo: o COSI Portugal 2022 (Childhood Obesity Survilhance Iniciative) diz-nos que 31,9% das nossas crianças têm excesso de peso e 13,5% obesidade. O desporto é um instrumento de grande relevância para a criação de hábitos saudáveis e melhoria da saúde dos portugueses.

Estamos a dias do início dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, o maior certame de desporto à escala mundial, é o palco óbvio e indicado para os atletas inspirarem todas as faixas etárias para a prática das suas modalidades. Portugal estará representado em 14 modalidades por 73 atletas.

Em falar em inspiração, no último fim de semana tivemos coletivamente dois resultados que deixaram a nação orgulhosa, e não, não foi no futebol. Nuno Borges venceu no Ténis um tornei ATP por si só um feito, mas a final foi contra um dos melhores de todos os tempos: Rafael Nadal.

Na maior e mais emocionante corrida de ciclismo, o Tour de France, João Almeida fez 4.º lugar na geral individual e confirma ser um dos melhores ciclistas da atualidade, é o primeiro português a fazer top 10 nas três grandes voltas de três semanas (Itália, França e Espanha).

O desporto como se pode ver é transversal na nossa sociedade, podemos fazê-lo em qualquer lugar e Portugal tem dos melhores atletas do mundo.

É preciso continuar a investir nas modalidades, na melhoria das condições, e é essencial criar novas formas de envolver mais portugueses nas práticas desportivas.

Pierre de Coubertin, pai fundador dos Jogos Olímpicos modernos, dizia na cerimónia de encerramento dos jogos de 1932 em Los Angeles: “Que a tocha olímpica siga o seu curso através dos tempos para o bem da humanidade cada vez mais ardente, corajosa e pura”.

Sucesso para os JO Paris 24!

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