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Sara B Carvalho, uma autora


Temos o prazer de apresentar uma entrevista inspiradora com Sara B Carvalho, uma autora multifacetada que tem conquistado o coração dos leitores com as suas obras.

Desde o seu premiado romance de fantasia "777", que explora temas de espiritualidade e a eterna luta entre o bem e o mal, até o seu tocante livro infantojuvenil "O irmão de Sofia", que aborda questões de inclusão e aceitação, Sara utiliza a escrita como um meio poderoso para transmitir mensagens profundas e relevantes.

Na conversa, Sara partilha as suas motivações para escrever, a influência da sua vivência pessoal na sua obra e a importância da comunidade literária. Membro ativo da Associação Portuguesa de Escritores e coordenadora de coletâneas poéticas, ela fala sobre o valor da partilha na literatura e a alegria de ver a sua poesia ganhar vida através da música. Além disso, discute a importância da empatia e do conhecimento no combate ao preconceito, refletindo sobre como a literatura pode contribuir para uma sociedade mais inclusiva.

Convidamos os nossos leitores a mergulhar na rica tapeçaria das experiências e pensamentos de Sara B Carvalho, uma autora que certamente deixará uma marca indelével no panorama literário português. A sua história é um lembrete de que a literatura não é apenas uma forma de expressão, mas também uma poderosa ferramenta de transformação e empatia. Não percam a oportunidade de conhecer melhor esta talentosa escritora e a sua obra!

1. Sara, ao longo da sua carreira já escreveu várias obras, incluindo o premiado romance de fantasia "777". O que a inspirou a explorar este género literário?
Desde criança que fui educada numa família religiosa onde Deus e a Bíblia tinham um papel muito presente. Devido à minha forte ligação à espiritualidade e fascínio pelo maior best-seller de sempre (a Bíblia), decidi aliar o conhecimento que tinha nessa área com a minha predileção por thriller e mistério. Como leitora, sempre gostei de livros de suspense, com alguma história e factos reais associados à ficção. Assim, tentei escrever um livro que eu gostasse de ler e com informação que eu dominasse q.b.. Parece que funcionou bem, pois foi distinguido pela editora com o Prémio de Melhor Obra de Fantasia 2022.
 
2. "O irmão de Sofia" é um livro infantojuvenil com temas sociais e solidários. Pode contar-nos mais sobre a mensagem que pretende transmitir com esta obra, inspirada num dos seus filhos?
Como mãe de uma criança com trissomia 21, cedo senti na pele a diferença, algum preconceito ou pena e, acima de tudo, alguma ignorância. Creio que a maior parte das reações, sejam elas de espanto ou de indiferença, têm a ver com a falta de informação sobre o tema. Presenciei algumas situações desagradáveis na escola, que prega ser inclusiva, mas que que por vezes exclui; também de algumas crianças que por perceberem que ele é diferente se afastam pois não sabem como hão de reagir ou brincar com alguém que nunca foram acostumados. 
Achei que, como escritora e educadora, tinha esse dever para com o meu filho e para com todas as outras famílias que passam pelo mesmo. Se todos pudermos contribuir com o nosso conhecimento, conseguiremos uma sociedade mais justa, mais empática, mais bem preparada e inclusiva, na realidade. A empatia necessita de amor, de se querer saber, de se preocupar e querer ajudar.
 
3. Como membro da Associação Portuguesa de Escritores e da Sociedade Portuguesa de Escritores, como é que essas associações têm contribuído para o seu desenvolvimento como autora?
Trazem-me o conhecimento do que vai acontecendo com outros autores e de alguns concursos literários. Sinto que são, também, um apoio com algumas dúvidas que possam surgir enquanto escritora.
 
4. A sua jornada literária começou oficialmente em 2017. O que a motivou a dar este passo e participar na Oficina de Criação de Obra com Pedro Chagas Freitas?
Nesse mesmo ano, para ter a certeza se devia mesmo escrever ou não, decidi participar num Concurso Nacional de Escrita Criativa – o 34º CNEC. Depois de dez semanas e dez textos, fiquei com uma pontuação final acima da média e achei que, então, devia dar espaço à voz na minha cabeça que me dizia todos os dias para escrever um livro. Uma das pessoas que fazia parte do júri era o autor Pedro Chagas Freitas. Pouco tempo depois do CNEC, vi que ele tinha uma formação on-line – Oficina de Criação de Obra e decidi inscrever-me para aprender qualquer coisa. 
 
5. Participou em diversas coletâneas de poesia e desenvolveu uma presença significativa na cena literária, incluindo a coordenação de coletâneas poéticas. Quais são as suas experiências mais marcantes nesse contexto?
A poesia fez sobressair uma parte de mim que eu já desconfiava que existia, mas à qual não dava importância nem levava a sério. É, para mim, uma forma despreocupada de escrita, uma liberdade em papel que transforma pensamentos, sentimentos e fantasias num pequeno aglomerado de palavras que tocam rapidamente no coração de quem lê.
A experiência tem sido fantástica. Tenho sido entrevistada em rádios, podcasts, participado em tertúlias, feito performances e tido a oportunidade de conhecer pessoas incríveis do meio. 
Coordenar uma coletânea poética deu-me bastante trabalho, pois exige muito tempo e dedicação. No entanto, é compensador poder “dar vida” e imortalizar no papel algumas pessoas que não o faziam por vergonha ou insegurança e, também, conseguir uni-las no mesmo livro com outras mais experientes, tendo a mesma oportunidade de brilhar. Isso é o que me dá mais satisfação, além de poder interagir com algumas pessoas, que possivelmente não conheceria de outra forma.

6. Tendo músicas baseadas em quatro dos seus poemas, como se sente ao ver a sua poesia ganhar vida através da música? Quais são os desafios e alegrias dessa colaboração?
Foi uma alegria muito grande quando surgiu esse interesse e depois a concretização. Eu adoro música desde sempre e é algo que nunca falta em minha casa, nem no meu dia-a-dia. A criação dessas músicas com as minhas letras foi uma emoção enorme, principalmente quando as ouvi e vi tocadas em palco, por uma banda e para uma assistência que, entusiasmada, aplaudiu no fim. Além disto, ainda fui convidada pelo Wiguel (um dos músicos) para entrar num videoclipe, numa das músicas com a minha letra, chamada «Disse-te adeus», que podem ver no Youtube - a derradeira loucura! Tenho muito orgulho e gratidão pela oportunidade.

7. Pode partilhar um pouco sobre o grupo de escrita "Alma de poeta, alma inquieta" que administra no Facebook? Qual é o objetivo desse espaço e que impacto tem tido na comunidade literária?
O grupo «Alma de poeta, alma inquieta» é um espaço digital onde qualquer pessoa que goste de escrever e/ou, apenas, ler pode partilhar as suas poesias, textos, blogues, eventos literários, lançamentos de livros… tudo que esteja relacionado com a escrita. É uma comunidade onde os membros se respeitam e apoiam, onde não existem diferenças ou vedetismos e onde podem partilhar tantas vezes quantas desejarem.
O principal objetivo deste grupo é dar alguma visibilidade àqueles que são mais tímidos ou que têm poucos seguidores. Ali, podem ser vistos e lidos por outras pessoas que não somente os seus amigos e familiares e, também, aprender com outros.
O impacto que tem tido creio que tem sido positivo, pelo menos tem crescido. Ao longo destes três anos de vida, somos quase sete mil membros e foram feitas duas coletâneas poéticas com todos aqueles que desejaram participar.
 
8. Os seus textos como cronista têm sido publicados na Redação Repórter Sombra e no jornal A Voz de Paço de Arcos. Como vê a relação entre a crónica e a ficção na sua escrita?
Eu creio que tudo está interligado. Somos um todo com diferentes necessidades e interesses. Eu gosto de ler sobre factos reais, curiosidades, atualidade, saúde, bem-estar e desenvolvimento pessoal, assim como também gosto de escrever sobre esses mesmos temas. No entanto, também gosto de ler e escrever ficção, explorando a minha veia criativa e imaginativa. Escrever para o Repórter Sombra e para o Jornal A Voz de Paço de Arcos permite-me pesquisar e obter diferentes conhecimentos sobe matérias distintas. 

9. Qual o estilo literário que mais gosta de escrever e porquê? Sente que esse estilo reflete aspectos da sua vida pessoal ou das suas experiências?
O que eu gosto mais de escrever é romance de ficção com factos reais. Ou seja, gosto da pesquisa que a realidade envolve e a sua combinação com a parte criativa e inventiva. Os meus livros têm essas duas vertentes, como tantos outros autores. Gosto de criar no leitor a dúvida sobre se será verdade ou invenção o que está lá escrito. Um dos autores portugueses que admiro e que tem esse trabalho de pesquisa misturado com ficção é o José Rodrigues dos Santos.
Creio que a vida pessoal e as experiências de um escritor não são possíveis de serem desconectadas. A pessoa real e a pessoa escritora são a mesma, logo todas as suas vivências, experiências, aprendizagens, educação, cultura e gostos acabam por estar presentes, quer se queira quer não.

10. Onde podem ser encontrados os seus livros? Que sugestões daria aos leitores que queiram descobrir a sua obra e a mensagem que ela transmite?
Os meus livros podem ser encontrados nas plataformas habituais, mas aconselho que sejam encomendados através de mim, pois um deles é edição de autor e só está à venda em três livrarias e o primeiro, o 777, deixará em breve a editora em questão. Além de que posso fazer uma dedicatória e deixar uma marca mais personalizada na obra. Também gosto de saber a opinião de quem me lê. 
A minha sugestão é começarem por ler o primeiro – 777, depois o segundo - O irmão de Sofia e finalmente o terceiro (risos) - Cinco Contos te Conto.
Cada um deles transmite mensagens diferentes, os três são géneros literários díspares. 
O 777 é um romance de fantasia e ficção com inspiração na Bíblia e no livro de Apocalipse, alertando para uma realidade paralela de anjos e demónios (em que eu acredito), da luta entre o Bem e o Mal. 
O livro O irmão de Sofia é uma história infantojuvenil, baseada na vida real de dois dos meus filhos. Aborda o tema da trissomia 21, da diferença, da deficiência, da inclusão, do divórcio, da aceitação e amor; as ilustrações foram feitas por seis utentes da Cercisa, também eles pessoas com deficiência.
A minha última obra é um livro com cinco contos e cinco ilustrações. Abordam diferentes temas da sociedade e atualidade como problemas mentais, dependência de drogas, álcool, prostituição, homossexualidade, racismo, preconceito, rixas entre vizinhos, casamento, divórcio, traição, espiritualidade, solidão, violência, adoção, diferença de géneros e a subjugação masculina sobre a mulher enquanto objeto sexual. Todos estes temas não são aprofundados, são apenas umas aguilhoadas na consciência social de cada um. 

11. Gostaria de apresentar os seus livros à comunidade portuguesa na Europa? Que ações ou iniciativas tem em mente para isso?
Claro que gostava! Seria um privilégio dar a conhecer as minhas obras em outros países, aos portugueses e aos que falam português, fora de Portugal.
Não tenho nenhuma ideia em mente para que isso aconteça, mas estou aberta a sugestões e a convites (riso).
 
12. Como pode a comunidade portuguesa adquirir os seus livros? Há algum método particular que gostaria de destacar?
O mais habitual e fácil é através das diferentes plataformas, como a Amazon, Kobo, etc.. Se for mais personalizado, eu envio por correio, autografado e com dedicatória. É fácil chegar até mim através das redes sociais:
Instagram: @sarabcarvalho.cenasdescritas
Facebook: @cenasdescritas.saracarvalho
Blog: cenasdescritas.com
E-mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ter o JavaScript autorizado para o visualizar.
YouTube: @saracarvalho777

13. Gostaria de escrever regularmente no jornal das comunidades portuguesas www.luso.eu? O que espera alcançar ao escrever para essa plataforma?
Seria um privilégio, apesar de não saber se consigo corresponder às expetativas e necessidades do jornal. A falta de tempo é também algo que me limita, por vezes, a aceitar novos desafios.

Resumo da Entrevista a Sara B Carvalho

Sara B Carvalho é uma autora em ascensão cujas obras, incluindo o premiado "777" e o livro infantojuvenil "O irmão de Sofia", refletem uma profunda ligação entre a sua experiência de vida e a sua escrita. Desde a sua infância num ambiente religioso, onde a Bíblia desempenhou um papel significativo, até à sua jornada como mãe de uma criança com trissomia 21, Sara utiliza a literatura para abordar questões de espiritualidade, inclusão e preconceito. Ao longo da entrevista, ela destaca a importância de partilhar conhecimento e empatia, especialmente em relação às vivências daqueles que enfrentam discriminações.

Como membro ativo da Associação Portuguesa de Escritores, a autora vê valor nas comunidades literárias e na troca de experiências. Além de escrever ficção, Sara mantém uma presença forte na poesia e coordena um grupo de escrita no Facebook, que promove a visibilidade e a interação entre os escritores. Ela também reflete sobre o impacto que a música teve na sua poesia, celebrando as colaborações que trouxeram mais vida às suas letras.

Sara convida os leitores a descobrir a sua obra, que abrange géneros diversos e aborda temas sociais contemporâneos com uma abordagem sensível e informativa. Para ela, cada livro é uma oportunidade de provocar reflexão e discussão e ela está aberta a explorar novas iniciativas para apresentar o seu trabalho à diáspora portuguesa.

Fecho da Entrevista

A entrevista com Sara B Carvalho revela a paixão e dedicação que ela coloca na sua escrita, bem como o seu compromisso em usar a literatura como uma ferramenta de transformação social. À medida que a sua carreira continua a evoluir, fica claro que Sara não é apenas uma escritora, mas uma voz essencial no diálogo sobre inclusão e compreensão na nossa sociedade. Para todos aqueles que desejam explorar histórias que combinam ficção e realidades sociais, as obras de Sara B Carvalho são uma recomendação imperdível. Aguardamos com expectativa o que o futuro reserva para esta talentosa autora e esperamos que mais leitores a descubram em breve.

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