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A recente revelação de que Luís Marques Mendes, atual conselheiro de Estado e putativo candidato à Presidência da República, recebeu mais de 300 mil euros em consultoria para o grupo de construção civil ACA entre 2010 e 2016, relançou um debate que vai muito além do dinheiro.

O caso levanta uma questão central para a saúde da democracia portuguesa: estará o escrutínio público a tornar-se uma barreira intransponível para quem vem da sociedade civil?

O Facto e o Contexto

Os dados são claros: duas fases de colaboração, uma em nome individual e outra através da empresa familiar LS2MM, focadas em serviços de consultoria e apoio à internacionalização. Embora não haja, até ao momento, qualquer indício de ilegalidade, o facto desta relação só agora ter vindo a público, anos depois e em vésperas de decisões políticas cruciais, alimenta a máquina da suspeição.

A Política como "Aparelho" vs. Vida Civil

O perigo desta tendência de escrutínio retrospectivo e, por vezes, estigmatizante, é a criação de um filtro que apenas permite a passagem de "candidatos profissionais". Se o sucesso no mundo dos negócios, o empreendedorismo e a prestação de serviços a grandes empresas forem tratados como pecados originais, a política portuguesa ficará condenada a ser gerida por funcionários de carreira partidária — indivíduos que nunca pagaram salários, nunca geriram o risco do mercado e cuja única "folha limpa" se deve ao facto de nunca terem saído da redoma do Estado.

O Efeito de Afastamento

Desejamos, teoricamente, que os melhores quadros da sociedade — gestores, advogados, engenheiros e empreendedores — ponham o seu saber ao serviço do bem comum, seja em autarquias ou em órgãos de soberania. Contudo, o atual clima envia uma mensagem oposta: "Se tiveres um passado de sucesso na vida privada, ele será usado contra ti".

Este "policiamento" excessivo da vida civil prévia à política arrisca-se a transformar as candidaturas num território exclusivo para quem não tem património nem currículo fora dos partidos. O resultado é uma classe política cada vez mais distante da realidade económica do país.

Transparência não é Inquisição

A transparência é um pilar inegociável. Os eleitores devem saber quem financia e quem influenciou os seus líderes. No entanto, o escrutínio deve ser uma ferramenta de integridade e não uma arma de exclusão. É necessário separar o que é um conflito de interesses real daquilo que é a legítima atividade profissional de um cidadão antes de entrar na esfera pública.

Se a exigência de pureza for tal que impeça qualquer ligação ao tecido empresarial, Portugal acabará governado por técnicos de laboratório político, ignorantes das dificuldades de quem cria riqueza. O caso Marques Mendes é, assim, o espelho de um país que ainda não decidiu se quer ser governado por quem conhece o mundo ou por quem apenas conhece o Estado.


 



 

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