Oslo, 10 out 2025 (Lusa) – A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, afirmou hoje que a atribuição do Nobel da Paz é “uma conquista e um reconhecimento” para todos os venezuelanos, considerando que o prémio devia ser dado ao povo do país sul-americano.
“Esta é uma conquista para toda a sociedade. Sou apenas uma pessoa, não mereço isto”, disse, quando foi acordada por uma chamada telefónica do secretário do Comité Nobel norueguês, Kristian Berg Harpviken, para a informar de que tinha ganhado o prémio.
“Estou muito grata em nome do povo venezuelano”, reagiu, defendendo que os venezuelanos acabarão por vencer e derrotar o regime autoritário do Presidente Nicolás Maduro.
“Ainda não chegámos lá, mas estamos a trabalhar muito para o conseguir, mas tenho a certeza de que vamos ganhar”, disse, adiantando que, pessoalmente, “não merecia o prémio”.
“Espero que entendam que este é um movimento, a conquista de toda uma sociedade. Sou apenas uma pessoa. Certamente não mereço isto”, referiu.
O Presidente chavista Nicolás Maduro foi reeleito em 2024 numa eleição considerada por muitos países como uma fraude, e na qual María Corina Machado, apesar da sua popularidade nas sondagens, foi impedida de se candidatar.
María Corina Machado admitiu estar “em choque” por ter recebido o Nobel da Paz, num vídeo entretanto gravado e enviado à agência de notícias francesa AFP pela sua equipa de imprensa.
“Estou em choque!”, ouve-se María Machado a dizer a Edmundo González Urrutia, que a substituiu como candidato nas últimas eleições presidenciais devido à sua inelegibilidade política.
“O que é isto? Não acredito”, insiste a líder da oposição, de 58 anos, que vive escondida na Venezuela.
O Comité Nobel norueguês anunciou hoje que o Nobel da Paz 2025 foi atribuído à opositora venezuelana “pelo seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e pela sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.
“Enquanto líder do movimento pela democracia na Venezuela, María Corina Machado é um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos”, sublinhou o Comité.
Nascida em 1967, na Venezuela, María Corina Machado é uma das principais vozes da oposição democrática ao regime de Nicolás Maduro, tendo sido candidata favorita à vitória nas eleições presidenciais de julho de 2024.
No entanto, foi impedida de concorrer quando, em janeiro de 2024, o Supremo Tribunal de Justiça, alinhado com o Governo de Maduro, a proibiu de ocupar cargos públicos durante 15 anos.