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Lisboa, 25 nov 2024 (Lusa) – O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, alertou hoje que o alargamento da União Europeia (UE) à Ucrânia implicará uma reforma institucional e financeira "muito grande", que será "crucial para a sobrevivência" do bloco.

Numa intervenção na CNN Portugal Summit em Lisboa, o chefe da diplomacia portuguesa mostrou-se favorável ao alargamento da UE à Ucrânia , que é um dos “celeiros do mundo” e partilha a visão atlântica de Portugal, embora não preveja que possa acontecer enquanto enfrentar a invasão russa.

No entanto, Paulo Rangel avisou que uma adesão da Ucrânia vai “implicar uma reestruturação muito grande e uma reconstrução” da UE, que passa por reformas institucionais e financeiras, sendo uma questão “crucial para a sobrevivência” do bloco europeu.

“A União Europeia não pode continuar a ter um orçamento, que é apenas 1% do PIB europeu”, alertou o governante, que observou que vai ser necessário mais esforço em contribuições dos Estados-membros ou instrumentos de dívida comum.

O ministro dos Negócios Estrangeiros referiu, a propósito, que “muitos países da Europa que eram totalmente contrários à dívida comum europeia, se for para a Defesa são a favor” e defendeu a capacidade de se obter “financiamento nos mercados com a marca da União Europeia” e de obtenção de receitas que já estão desenhadas mas que nunca saíram do papel.

“Temos de olhar com alguma esperança e com alguma crença em nós próprios, na nossa capacidade de responder perante as exigências e as necessidades que a União Europeia tem tido”, declarou Rangel, elencando os casos recentes da reação comum à pandemia de covid-19 ou a agressão russa da Ucrânia, e prevendo uma abordagem económica “mais dura” da futura administração de Donald Trump na Casa Branca.

Num contexto de passagem de “um ciclo mais transnacional para um ciclo mais transacional”, em que os países e a UE terão de se adaptar, Paulo Rangel referiu-se ao “poder suave” exercido pela diplomacia de Portugal, que “nunca corre o risco de se tornar irrelevante” e mantém uma "capacidade enorme de se afirmar na cena internacional", como são os casos de personalidades em lugares chave de organismos multilaterais e da candidatura a um lugar não permanente do Conselho de Segurança da ONU.

O governante confiou igualmente que os portugueses, que descreveu como “muito pró-europeus”, também “leem os sinais dos tempos e compreendem as circunstâncias”, nomeadamente em relação ao setor da defesa, que exigirá, segundo o compromisso com a NATO, uma despesa de 2% do PIB.

“Há sempre um custo de oportunidade. Para eu pôr recursos num determinado setor, provavelmente não posso pô-los noutro, mas, no caso da defesa, também cria riqueza e também é geradora na economia de ciclos positivos”, comentou o chefe da diplomacia.

Nesse sentido, e atendendo à capacidade limitada das Forças Armadas, defendeu a aposta “nas novas tecnologias, numa grande modernização, numa grande capacidade de sofisticação”, dando um exemplo dos drones, em que Portugal já se diferencia.

“O investimento na defesa também pode ser reprodutivo e, portanto, criando riqueza, isso permite que o estado social também se desenvolva”, insistiu, reconhecendo que os tempos para ele e para o seu colega da Defesa, Nuno Melo, “são mais exigentes do que eram”, dada a proliferação de conflitos em todo o mundo, como na Ucrânia, no Médio Oriente, no Congo, no Sudão, em Myanmar e em Moçambique.

O ministro dos Negócios Estrangeiros alertou, de resto, que “se a invasão da Rússia for vitoriosa, vai haver problemas no mundo inteiro” e haverá países que sintam tentados a invadir outros, sendo favorável a uma “solução de paz não ditada pela força, mas pela negociação" entre Moscovo e Kiev.

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