Bruxelas viveu esta segunda-feira um dos dias mais extasiantes do seu calendário nacional, com a festa Nacional belga que uniu tradição, orgulho e inovação num espetáculo vibrante que transformou a capital num palco de emoção patriótica.
A celebração assinala a tomada de posse do primeiro rei dos belgas e, ano após ano, o simbolismo aumenta. Este 21 de julho foi marcado por momentos inéditos, históricos e uma demonstração imponente das forças de defesa e segurança da Bélgica.
Diante do Palácio Real em Bruxelas, a família real, liderada pelo rei Philippe, a rainha Mathilde e os seus quatro filhos, marcou presença na tribuna aveludada em vermelho real, acompanhando o desfile, cumprimentando e prestando continência.
Diversas personalidades políticas e diplomáticas internacionais assistiram ao desfile a partir das bancadas oficiais, onde Portugal marcou presença com o embaixador Jorge Cabral, que encerra o seu último mandato. Um dos momentos mais comoventes do dia foi a chegada de veteranos da Segunda Guerra Mundial e sobreviventes de campos de concentração - heróis nacionais. Foram homenageados pela família real e acompanhados de uma forte ovação da multidão emocionada. Este é um ano muito especial, pois celebram-se também os 80 anos do fim do conflito.
Cruz Vermelha desfila pela primeira vez
Pela primeira vez na história, a Cruz Vermelha da Bélgica integrou o desfile pedestre, a convite do rei. Com origem em contexto militar, voluntários da Cruz Vermelha marcharam lado a lado com militares, polícia federal, bombeiros e proteção civil — um gesto simbólico de reconhecimento pelo importante papel da Cruz Vermelha no país, tanto na prevenção como em crise, tais como os importantes serviços prestados durante a pandemia e as catastróficas inundações na Bélgica.
Céus em alerta
O céu de Bruxelas foi tomado por um espetáculo de alta velocidade e precisão: F-16 rasgaram os ares, helicópteros de salvamento da NATO, e o poderoso A400M do 15.º Wing captaram todas as atenções - um desfile aéreo que combinou inovação, músculo militar e cooperação internacional.
Em solo, a parada foi dominada por veículos blindados Griffon — os primeiros montados em território belga —, drones de vigilância, forças especiais e regimentos de elite. Pela primeira vez, um destacamento nacional misto integrou Defesa, Polícia, Bombeiros, Proteção Civil e Cruz Vermelha. Outra estreia oficial, foia presença da força cibernética, com mais de 40 profissões representadas, sublinhando a modernização tecnológica das forças armadas. Da Polícia Local à Federal, passaram motos Harley e BMW, veículos blindados, drones, carros elétricos e até scanners móveis da alfândega.
A Marinha desfilou com lanchas e forças de resgate, enquanto os setores de engenharia, explosivos, comunicações, inteligência e logística mostraram o alcance operacional das forças belgas, incluindo ainda agentes caninos.
Mulheres na linha da frente
As primeiras mulheres da Defesa belga foram homenageadas pelos 50 anos de presença nas forças armadas, e a coluna histórica do War Heritage Institute impressionou o público com veículos militares históricos.
Um envolvente momento musical encerrou o desfile, em música de câmara, com o famoso hino europeu, “Ode to Joy” de Beethoven. Fiel à fama belga, a meteorologia alternou sol e chuva intensa, sem impedir que milhares enchessem a capital de entusiasmo e alegria.
O encerramento das celebrações foi apoteótico: lasers, espetáculo de drones e o impressionante fogo de artifício no Arco do Triunfo do Parque do Cinquentenário. Um final épico para um dia que reafirma a identidade nacional e celebra tudo aquilo que torna a Bélgica única: diversidade, resiliência, inovação e união.
Algumas das Fotos: © Tonyda Silva / Clara de Quadros