A possibilidade de António Costa vir a ocupar o cargo de presidente do Conselho Europeu só teve apoio claro do PS no primeiro debate para as europeias, mas apenas a IL questionou as capacidades do ex-primeiro-ministro para a função.
O primeiro debate para as eleições europeias realizou-se hoje na SIC e juntou os cabeças de lista da AD, Sebastião Bugalho, do PS, Marta Temido, da IL, João Cotrim de Figueiredo, e do Livre, Francisco Paupério.
Na reta final do debate, os candidatos a eurodeputados foram questionados se haverá ou não vantagens para Portugal ter um português como o ex-primeiro-ministro do PS a liderar uma instituição como o Conselho Europeu, caso o processo judicial em que foi envolvido António Costa seja arquivado em breve.
“Do meu ponto de vista não, porque o que interessa é o que as pessoas fazem e sentem e não onde nasceram, poder preferir um português se estiverem em causa dois candidatos com igual competência até pode ter laivozinhos xenófobos”, disse João Cotrim de Figueiredo, considerando que Jacques Delors foi mais útil a Portugal à frente da Comissão Europeia do que Durão Barroso.
Ainda assim, o cabeça de lista da IL frisou que não se sabe entre que candidatos vai ser a escolha, admitindo que “pode haver outros menos capazes de reformar” do que António Costa, que considerou que “nunca será capaz de reformar a Europa”.
Do lado oposto, a socialista Marta Temido defendeu que a visão do ex-primeiro-ministro para a Europa “tem provas dadas” de uma “visão solidária”, destacando o seu papel em processos como a mutualização da dívida ou aprovisionamento de vacinas.
“É a garantia de que a Europa avança e não recua. Acreditamos numa Europa mais solidária e na necessidade de que os portugueses não sejam enganados como foram nas últimas eleições legislativas com promessas que não têm correspondência com a realidade”, disse a ex-ministra da Saúde, numa das poucas referências à política nacional neste debate.
Já o cabeça de lista da AD (coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM), Sebastião Bugalho, disse defender o princípio da reciprocidade, dizendo que António Costa quando era eurodeputado não fez campanha contra a candidatura de Durão Barroso para liderar a Comissão Europeia.
“Nós enquanto eurodeputados não temos voto na matéria para presidente do Conselho Europeu, continuo a considerar a reciprocidade um bom princípio, mas espero que António Costa não seja o centro do debate das europeias”, apelou.
Já Francisco Paupério disse que os Verdes, família política europeia em que o Livre se integra, “não têm opinião sobre o assunto” e referiu que apenas a posição da AD, que tem assento no Conselho Europeu através do primeiro-ministro Luís Montenegro, será relevante nesta escolha.
“António Costa ainda não se assumiu como candidato, vai depender de todos os outros candidatos”, afirmou, considerando mais importante a posição do partido na eleição de um comissário europeu.