Portugal, 9 mai 2025 – A polémica em torno da greve na CP incendiou esta quinta-feira a campanha eleitoral, com o líder do PSD, Luís Montenegro, a acusar Pedro Nuno Santos de incoerência, e o secretário-geral do PS a responder com críticas à governação da coligação AD, apontando riscos de revisão de direitos fundamentais.
Num comício ao ar livre em Santarém, no final do quinto dia oficial de campanha da Aliança Democrática (AD), Montenegro retomou o tema da paralisação na CP, sublinhando que a sua proposta de rever a lei da greve para equilibrar direitos gerou um "corrupio de comentários", que considerou injustificados. Para defender a sua posição, leu declarações de Pedro Nuno Santos de 2019, quando este era ministro das Infraestruturas, nas quais o socialista admitia a necessidade de refletir sobre a organização sindical e a lei da greve.
"Eu até pensava que isto era relativamente consensual", afirmou Montenegro, criticando a "memória curta" dos adversários. “Há aqui uma grande dose de incoerência”, acusou, questionando: “Afinal, acreditamos no que Pedro Nuno dizia antes ou agora?”
Já em Castelo Branco, perante uma sala cheia no Cine-Teatro Avenida, Pedro Nuno Santos devolveu o ataque, apontando o dedo ao atual Governo por, segundo disse, falhar sistematicamente na gestão de crises. “Quem não consegue lidar com uma greve no INEM ou na CP, não consegue lidar com a governação”, atirou, acusando Montenegro de querer “ameaçar e chantagear” os trabalhadores com alterações à legislação laboral.
O líder do PS alertou ainda para o que considera um plano mais vasto da AD: “Primeiro revê-se o direito à greve, depois a legislação laboral e a segurança no emprego, depois privatiza-se a saúde e, por fim, a Segurança Social.”
Ambos os líderes recorreram a declarações passadas para acusarem o adversário de falta de coerência, numa troca que espelha a crescente tensão da campanha. Montenegro insistiu que é a AD quem garante estabilidade política e ideológica, enquanto Pedro Nuno Santos advertiu que o país corre riscos com um governo que “chega sempre atrasado” e que, com a eventual influência da Iniciativa Liberal, poderá acelerar políticas de desregulação.