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Pessoa sorridente com óculos de sol e casaco cor-de-rosa, ao lado da palavra 'OPINIÃO', ilustrando uma coluna de opinião sobre eleições no Benfica e política local.


As eleições no clube da Luz mobilizaram mais pessoas do que muitas autárquicas portuguesas. O que explica esta diferença entre a política e o futebol?

O ato eleitoral do Sport Lisboa e Benfica, realizado no último sábado, não foi apenas um exercício democrático interno — foi também um retrato do país.
Com 85.422 sócios votantes, o clube encarnado registou a maior participação de sempre em eleições de um clube de futebol no mundo, ultrapassando, em números absolutos, a afluência de muitos concelhos portugueses nas autárquicas de 2025.

Enquanto dezenas de câmaras municipais registaram abstenções superiores a 60%, os benfiquistas formaram longas filas no Estádio da Luz e nos núcleos espalhados pelo mundo, mostrando uma mobilização que raramente se vê na política local.

Democracia desportiva em alta

O processo eleitoral do Benfica contou com seis listas candidatas, uma logística robusta e uma participação massiva que impressionou observadores e adversários.
Rui Costa (Lista G) venceu a primeira volta com 42,13% dos votos, seguido por João Noronha Lopes (Lista F), com 30,26% — valores que obrigam à realização de uma segunda volta, marcada para 8 de novembro.

Mais do que uma disputa por cargos, a votação foi vivida como um momento de identidade e pertença coletiva.
Os sócios votaram movidos por emoção, lealdade e convicção, numa demonstração de que a democracia clubística está viva — e talvez mais vibrante do que a política institucional.

A política local e o desinteresse crescente

Nas autárquicas de 2025, a abstenção nacional rondou os 46,3%, e em várias cidades médias ultrapassou os 60%.
Mesmo em concelhos onde o poder local tem impacto direto na vida das pessoas — da gestão da água à recolha do lixo, da cultura ao urbanismo —, muitos eleitores optaram por ficar em casa.

Enquanto isso, o Benfica conseguiu mobilizar mais votantes do que municípios como Coimbra, Setúbal ou Funchal, onde o número de votantes ficou abaixo dos 70 mil.
O contraste é evidente: o clube desperta uma energia participativa que as autarquias, com raras exceções, têm dificuldade em replicar.

No Benfica, o voto é emoção; nas autárquicas, obrigação

A diferença essencial pode residir na motivação emocional.
Votar no clube é afirmar identidade, defender um símbolo, pertencer a uma história partilhada.
Nas autárquicas, o voto tende a ser visto como um dever cívico rotineiro, muitas vezes desligado de emoção ou de sentimento de comunidade.

O futebol cria narrativas de pertença; a política, muitas vezes, fala uma linguagem de distância.
É talvez por isso que o “povo da Luz” enfrenta horas de espera para votar, enquanto tantos cidadãos ignoram as urnas municipais do seu próprio bairro.

Paixão, proximidade e credibilidade

Outro fator é a credibilidade percebida: os sócios do Benfica acreditam que o seu voto tem efeito real — influencia o treinador, as decisões financeiras e o rumo do clube.
Nas autarquias, muitos eleitores sentem que o poder é demasiado institucionalizado e pouco permeável à mudança.

A democracia do futebol mostra, afinal, que as pessoas participam quando acreditam que contam — e quando sentem que fazem parte de algo maior do que o ato de votar.

Duas democracias, uma mesma lição

A comparação entre as eleições do Benfica e as autárquicas portuguesas oferece uma lição clara: a participação nasce da pertença.
Enquanto os clubes continuam a mobilizar multidões com base na emoção e na identidade, a política local terá de reaprender a construir ligação, confiança e propósito.

Porque no fim, quer nas urnas do Estádio da Luz ou nas assembleias de voto municipais, o desafio é o mesmo: fazer com que as pessoas acreditem que o seu voto muda alguma coisa.


 



 

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