Contemporaneamente, a imposição da violência, como linha de orientação da natureza e da evolução humana, esgotou-se também como proposta científica ou processo eficaz para estabelecer uma sociedade
mais justa, de resto, sobejamente comprovado na vida daqueles que defendem o primado da violência, em que se verifica o aumento da criminalidade, o ato gratuito, a solidão, a insuficiência da realização humana, a indiferença à solidariedade social, enfim, o terrorismo institucionalizado internacionalmente, destruindo tudo, inclusive, matando inocentes.
A violência tornou-se, hoje, primeiro quarto do século XXI, uma mera praxis, constituindo, igualmente, uma ideologia de argumentação finalista, visando justificar formas de manipulação e de coação, assim como tornar legítimas a resistência ou a supressão de classes sociais malquistas: a ideologia como distorção-dissimulação.
«Marx serviu-se da metáfora do inverso da imagem num quarto escuro, ponto de partida da fotografia, para atribuir a primeira função consignada à ideologia, no sentido de produzir uma imagem inversa à realidade. É o laço que Marx estabelece, entre as representações e a realidade da vida, que ele chama praxis.
O sinal da grande mudança do pensamento contemporâneo poderá ser encontrado neste debate universal sobre a ideologia, designadamente, quanto ao papel que ela desempenha nos atos de violência, porque não se pode ignorar a ocorrência desta e o seu abuso.
O homem, Ser consciente e responsável, racionalizador e observador, voltado para a sua sobrevivência, cria regras eficazes e pondera-as. A violência terá, inevitavelmente, de entrar na sua ponderação, assim como a moral geral, a existência de valores, a sua capacidade técnica e tantas outras dimensões.
Todavia, só a convergência alcançada pelo amor é que poderá dar sentido à sua obra. A concentração no diálogo social é fundamental porque: «A reconstrução de laços sociais verdadeiramente inclusivos exige-nos uma prática renovada de escuta, abertura ao diálogo, e inclusivamente de convivência com outras tendências, sem por isso deixar de priorizar o amor, que deve ser sempre o distintivo das nossas comunidades.» (BERGOGLIO, 2013:115).
Numa sociedade cada vez mais policiada e previdente, quanto à segurança física, a violência toma formas que, muitas vezes, nada tem de físico, pelo contrário, são puros atos agressivos para alterar a situação do “outro” por meios mediatos, para beneficiar quem os usa.