No passado domingo, 15 de dezembro, numa Assembleia Geral Extraordinária na sua sede, vários sócios reuniram-se para discutir uma solução derradeira com a criação de uma Comissão Transitória de forma a manter o Grupo Desportivo da Casa Portuguesa de Haia de portas abertas.
O Covid-19 foi uma facada dada por decreto nas associações portuguesas nos Países Baixos, mas com o fim da pandemia, nem todas se ergueram de igual forma. Algumas encerraram, outras, tremidas, lá conseguiram ficar com a cabeça acima da água por mais uns anos. Isto foi o que aconteceu à Casa Portuguesa de Haia: a sua voz silenciou-se, abafada também com a explosão da nova imigração portuguesa no país pós-brexit.
Com acesso a mais recursos e a novas ferramentas de integração, a nova geração não viu nestas associações os centros sociais e culturais que foram no passado, o que acabou por silenciar esta associação e muitas outras, entretanto já encerradas.
Fundada em 1969, a sua história nascida muito para lá do 25 de Abril de 1974, conta com um espólio desportivo, cultural e social único no país e até mesmo na Europa, conta um dos antigos diretores da associação, José Soares. "No desporto, para além do futebol, tínhamos hóquei e conseguimos trazer cá as equipas da modalidade do Benfica e Sporting e fizemos um torneio com a Seleção da Holanda. Foi a primeira vez que as duas equipas portuguesas se defrontaram fora do nosso país. Ainda temos aqui os sticks de alguns jogadores", diz enquanto mostra com orgulho a sala de troféus.
Reunidos no salão principal, os sócios reuniram-se e com discursos e interrupções emocionadas, características destas assembleias, foram-se conhecendo os planos da proposta Comissão e as dúvidas dos associados.
O plano passa por descongelar a entrada de novos sócios e o pagamento de quotas a partir de janeiro de 2025. Foi proposta igualmente pelos sócios mais antigos, uma opção de pagamento voluntário de quotas em atrasado dos atuais sócios, suspensas há alguns anos por falta de atividade associativa.
Na palavra aos sócios, José Xavier, indicado como Secretário desta Comissão Transitória, revela que "esperava mais reações dos sócios presentes", avisando que "as coisas não iriam ser a mesma coisa como antigamente".Já José Soares, que também entra nesta Comissão, garantiu que não seria ele "a fechar o Clube". "Ou vamos silenciá-lo ou vamos mostrar aos que não acreditam que é possível."
Administrativamente foi formada uma equipa para desbloquear a conta bancária, necessária para o pagamento das despesas correntes do próximo ano e reativar a entrada de novos sócios.
O segundo passo, arranjar dinheiro para completar o orçamento de despesas necessário do próximo ano e para a realização de eventos, para além da abertura de um crowdfunding que os possa financiar algumas das obras necessárias na sede.
Em votação, os sócios presentes votaram por unanimidade a formação da Comissão Transitória e dos seus planos e assim, pela continuidade da Casa Portuguesa de Den Haag.
Alvaro Faustino - Roterdão - Países Baixos