À conversa com Duarte Mira, líder da CAP, uma voz de referência na defesa da agricultura portuguesa no coração da Europa.
O Luso revela a sua essência, sem filtros:
- Produto agrícola que o representa: “Pecuária”.
- Local em Portugal que o inspira: “Alentejo”.
- Tradição que nunca quer perder: “Partilha de saberes entre gerações, à mesa e no campo”.
- Agricultura é… “Amor pela terra, respeito pelo ambiente, oportunidades para o futuro e rendimento justo para quem produz”.
- Uma palavra que descreve o seu trabalho: “Orgulho”.
Representante permanente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) junto das instituições europeias, Duarte Mira é hoje uma das vozes mais ativas na defesa da agricultura Nacional em Bruxelas. Natural de Évora e com raízes profundas no Alentejo, cresce numa família de agricultores de quem herda saberes e experiência imensuráveis. Hoje, valoriza de forma única, os agricultores, a lavoura, o investimento e as tradições rurais.
“O meu trabalho está ligado à defesa dos interesses dos agricultores portugueses, garantindo igualdade em relação aos outros Estados-membros e lutando pela rentabilidade e valorização do nosso mundo rural”, afirma.
O percurso na CAP começou no gabinete de apoio às ajudas comunitárias, passando por processos de recuperação de explorações agrícolas ocupadas no pós-25 de Abril, onde 25 anos depois, ainda não tinham sido devolvidos aos proprietários. Mais tarde, integrou o departamento de associativismo, fazendo a ponte com 250 associações de agricultores de todo o país — experiência que lhe deu um conhecimento profundo do setor e o envolveu em projetos para jovens agricultores e em políticas mais justas.
Hoje, em Bruxelas, coordena grupos de trabalho, acompanha negociações e promove campanhas em defesa da agricultura portuguesa. Entre os objetivos, destaca uma Política Agrícola Comum (PAC) “forte, menos burocrática e mais justa”, a valorização dos produtos nacionais no estrangeiro e o reforço da ligação com a diáspora.
Mira identifica como maiores desafios a instabilidade orçamental, a burocracia, as alterações climáticas e a fraca valorização do trabalho agrícola - “O agricultor continua a ser o elo mais fraco da cadeia de valor, quando devia ser o contrário”, sublinha. E deixa um alerta: “É urgente que quem faz as regras ponha os pés na terra: sem investir nas zonas rurais - 70% do território europeu - a Europa perderá a sua identidade, cultura e personalidade.”
Para o futuro, aponta a digitalização, a sustentabilidade, a adaptação climática e a renovação geracional como tendências decisivas. Aos jovens agricultores, o conselho é claro: “Nunca desistam, procurem formação contínua, valorizem a tradição, apostem na inovação e tenham orgulho em ser agricultores”.
Duarte Mira inspira com o seu testemunho, aliando competência e visão estratégica na defesa e destaque da agricultura portuguesa no contexto europeu.