O Centro Interpretativo da Mulher Duriense (CIMD) em Armamar é mais que um espaço museológico. É sensorial, interage com quem o visita. Inaugurado em julho de 2023, integra a Rede de Museus do Douro, e já foi visitado por mais de três mil pessoas.
Numa sociedade em que a mulher procura ainda conquistar o seu lugar, em que a desigualdade de género e o desequilíbrio do poder são uma realidade, e em que o Douro é visto como obra de homens, entendeu-se que a criação do CIMD pode contribuir para mudar paradigmas e valorizar o papel da Mulher no desenvolvimento económico, social e cultural da região, numa perspetiva de passado, presente e futuro.
No CIMD dá-se a conhecer a pluralidade da Mulher Duriense, de distintas classes sociais, várias gerações e diversas estórias de vida.
Partindo da consciência histórica da opressão, da violência e do silenciamento a que foram votadas as mulheres ao longo de vários séculos de existência, procuram também exaltar-se as vigentes conquistas em relação ao papel atribuído às mulheres em sociedade, numa mensagem de esperança no que ao futuro concerne.
Uma visita ao CIMD é um desafio ao pensamento crítico sobre a identidade feminina, sobre a valorização e desvalorização da mulher enquanto sujeito histórico e social, sobre o papel atribuído às mulheres não só no Douro, mas também noutras geografias, abrindo-se caminho à reflexão e ao desenvolvimento de perspetivas.
As mulheres durienses foram e são marcantes. Embora inexistentes durante longos séculos enquanto sujeito histórico, desempenharam e desempenham um papel fundamental na sociedade do seu tempo.
Quem é a Mulher Duriense?
A Mulher Duriense é marcada pela diversidade que a compõe: nos contextos sociais, nas gerações, nos locais, nos ofícios. Por isso, são apresentadas mulheres rurais e camponesas, mas também mulheres burguesas e aristocratas, pois será essa pluralidade que melhor carateriza a múltipla Região do Douro.
As mulheres durienses têm aqui um lugar de discussão na esfera pública, contrariando o anonimato a que foram votadas durante séculos.
O espaço do CIMD é composto por várias experiências interativas, num conjunto de recursos que interpelam e provocam a reflexão.
Porque estou aqui? O que querem ser as mulheres? O que é ser mulher?
O visitante é recebido por: um vasto conjunto de superfícies espelhadas com textos relacionados com os ofícios desempenhados por mulheres; painéis de grandes dimensões onde se projetam filmes sobre os vários trabalhos das mulheres durienses; pelo espaço surgem palavras alusivas às várias temáticas da exposição; black boxes cobertas com frases, pequenos textos e som controlado, funcionando como espaço imersivo; ecrãs onde passam entrevistas em que mulheres expressam a visão de si próprias e das outras; cabines de som, para ouvir uma história, uma curiosidade local, um segredo contado por alguém ou uma música tradicional; gabinetes de curiosidades onde se dão a conhecer objetos recolhidos na região.
A Enciclopédia das Mulheres, que procura reunir as histórias de mulheres da região do Douro e do resto do mundo. Um “livro digital”, com informação de algumas das mulheres que ao longo da história se destacaram pelos seus feitos, como Antónia Adelaide Ferreira, Carolina Michaelis, Natália Correia, Frida Khalo, Simone Beauvoir, entre outras.
Aqui será privilegiado o trabalho com as escolas permitindo a criação de histórias para as figuras aqui apresentadas.
Num ecrã touch abre-se um mapa mundo, onde se acede à informação de outras entidades, para descobrir associações, espaços de debate, centros de investigação, museus e outras instituições dedicadas às Mulheres distribuídas por todo o mundo. São exemplos: o International Association of Women's Museums; o Frauenmuseum em Wiesbaden (Alemanha); o Musée de la Femme, em Marraquexe; o Museo delle Donne di Milano; ou o Girl Museum, nos Estados Unidos da América.
O equipamento é acessível e inclusivo. A visita pode ser autónoma com audioguias ou em grupo acompanhada por guia.