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Menos, Mas Mais Produtivos e Com Salários Estagnados

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Nos últimos anos, a realidade dos trabalhadores bancários em Portugal tem sido marcada por um paradoxo alarmante: são cada vez menos, trabalham mais horas, produzem um volume elevado de trabalho por hora, mas os seus salários permanecem estagnados. Este cenário não só levanta questões sobre a sustentabilidade do setor bancário em Portugal, como também exige uma reflexão crítica sobre a valorização do trabalho no país.

Conforme relatado por várias fontes, incluindo a imprensa nacional, os grandes bancos em Portugal têm vindo a reduzir significativamente o número de trabalhadores. Apenas nos últimos 12 meses entre 2022 e 2023, mais de 500 colaboradores deixaram as instituições financeiras, enquanto os lucros desses mesmos bancos atingiram níveis extraordinários. É insustentável que, num momento em que os lucros estão em alta, os trabalhadores enfrentem cortes no número de bancários e enfrentem uma carga de trabalho cada vez maior. Os dados indicam que, entre 2010 e 2023, a redução de trabalhadores ultrapassou os 16 mil, o que equivale a uma diminuição acentuada da força de trabalho num setor crucial para a economia nacional.

A produtividade dos trabalhadores bancários portugueses tem sido reconhecida como superior à média europeia, o que levanta um ponto ainda mais preocupante: por que é que os trabalhadores, que contribuem para o aumento dos lucros, não veem esse aumento refletido nos seus salários? A resposta parece estar enraizada numa política de contenção de custos que atribui prioridade ao lucro em detrimento do bem-estar dos colaboradores.

Menos de 1 000 euros por mês

A situação é ainda mais crítica quando se sabe que uma parcela significativa dos trabalhadores, cerca de 67%, recebe menos de mil euros por mês, um valor que está aquém das necessidades básicas de vida em Portugal.

As recentes manifestações de trabalhadores bancários em várias cidades do país, frente à Assembleia da República e em Madrid em conjunto com os colegas bancários espanhóis reclama, de forma unida, por melhores salários e condições de trabalho. Este grito de insatisfação é justificado. Não se trata apenas de um descontentamento individual, mas sim de um clamor coletivo que exige uma resposta contundente por parte das instituições financeiras e do governo. A progressão de carreira e a valorização do profissional bancário são essenciais para a retenção de talento no sector e para a construção de um futuro sustentável.

É crucial que as entidades patronais revejam agora suas políticas salariais e ofereçam condições dignas que condizem com a excelência do trabalho que os seus colaboradores desempenham. O investimento nos trabalhadores não deve ser visto como um custo, mas como uma estratégia de valorização que resulta em maior eficiência e, consequentemente, no aumento dos lucros a longo prazo.

O dilema dos trabalhadores bancários em Portugal é um reflexo das desigualdades que permeiam o mundo do trabalho em muitos sectores. É fundamental que a sociedade, os decisores políticos e as direções dos bancos tomem consciência dessas injustiças e se esforcem para estabelecer um ambiente laboral mais justo e equitativo. Caso contrário, o setor bancário pode enfrentar uma crise de recursos humanos, afetando não só a sua operação, mas também a confiança que os cidadãos depositam nesse sector essencial.

 

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