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O líder do movimento islamita palestiniano Hamas, Ismaïl Haniyeh, acusou hoje Israel de “sabotar” as negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza com a operação lançada na madrugada de segunda-feira contra o hospital Al-Shifa de Gaza.

A ação das forças israelitas “no complexo médico de Al-Shifa confirma a sua intenção de impedir qualquer retomada de vida decente em Gaza e de desmantelar infraestruturas essenciais”, declarou Haniyeh num comunicado.

“Tal revela também uma vontade de sabotar as negociações em curso em Doha” e “semear o caos e perpetuar a violência”, acrescentou, exigindo “o fim da agressão, a retirada das forças de ocupação de Gaza e o regresso dos deslocados”.

Estas declarações do líder do Hamas surgem numa altura em que estão em curso na capital do Qatar conversações sobre uma trégua de seis semanas e uma troca de reféns detidos na Faixa de Gaza por prisioneiros palestinianos.

O Exército israelita lançou na madrugada de segunda-feira uma operação de grande envergadura contra o hospital de Al-Shifa, o maior complexo hospitalar daquele território palestiniano.

Hoje, o Exército israelita afirmou ter matado “dezenas” de combatentes do Hamas e da Jihad Islâmica dentro e à volta do complexo hospitalar e ter detido “mais de 300 suspeitos” durante a operação, que ainda estava em curso hoje à noite.

Centenas de civis palestinianos tiveram de fugir desde segunda-feira do setor bombardeado.

As forças israelitas tinham já tomado de assalto o hospital de Al-Shifa a 15 de novembro, mas depois retiraram.

A 07 de outubro do ano passado, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) – desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel – realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns, 130 dos quais permanecem em cativeiro e 32 estarão presumivelmente mortos, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 165.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 31.819 mortos, mais de 72.000 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.

O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que já está a fazer vítimas - “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

 

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