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A dualidade que é patente existir no ser humano, no quadro de um mundo físico, visível, e de um mundo interior, invisível, tem conduzido à necessidade de um continuado esclarecimento destes dois espaços, tão distintos quanto complementares.

E se o mundo físico, que envolve o homem e ele próprio, na sua materialidade objetiva, igualmente é parte importante desse mundo visível, cada vez mais conhecido, pelo contributo dado pela ciência e pela técnica, a verdade é que o seu mundo interior, ou as suas dimensões imaterial e subjetiva não estão, por enquanto, suficientemente, esclarecidas. A angústia que de facto atormenta o poder, quase ilimitado, do homem, reside, justamente, no insondável que ainda se verifica na sua interioridade imaterial.

Se muito se deve à ciência e à técnica, quanto ao desenvolvimento, ao progresso e a um certo e relativo bem-estar material da humanidade, sem dúvida, necessários à própria condição humana, e até à própria dignidade de cada pessoa, da mesma forma se pode atribuir à Filosofia uma função nada desprezível, desde logo na disciplina do pensamento rigoroso, ordenado e triunfador do homem.

Por isso, é tão importante na construção do projeto de vida, esta componente do conhecimento reflexivo que, justamente, bem conduzido, contribui para o bem-estar individual e coletivo. A racionalidade do projeto de vida, obviamente, considera todos os elementos e recursos intervenientes nesse projeto, e a sua construção e decisão de implementação exigem a convocação e integração da ciência, da técnica e da Filosofia, entre outras áreas das ciências sociais e humanas.

É necessário ter-se uma visão de conjunto, na maior parte das situações de vida e, muitas vezes, é insuficiente o domínio de apenas uma parcela da realidade, porque essa parcela fará, necessariamente, parte de um todo. A ciência não possibilita a visão da totalidade, nem é esse o seu objetivo.

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