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As comemorações do cinquentenário da Revolução dos Cravos tiveram o seu início no passado 10 de abril, no prestigiado Salão Gótico do edifício do Hôtel de Ville, situado na Grand Place Bruxelas.

 A Bélgica tem motivos demais para comemorar o 25 de abril. Com fortes tradições democráticas, este país, ao acolher centenas de jovens que diziam não ao regime de Salazar, enriqueceu-se também com uma juventude escolarizada que frequentou as grandes universidades belgas, preparando-se para o que desse e viesse.

Não admira que, aquando do dia 25 de abril de 1974, os primeiros jornalistas a fazerem reportagens para os média internacionais fossem belgas. Cito Hugues Le Paige, Jean-Jaques Jespers, Gérad de Sélys, Josy Dubié, Conrad Detrez, Colette Braeckman, companheiros de carteira das aulas de sociologia, de jornalismo e de outras disciplinas de amigos portugueses que com eles frequentavam as universidades de Bruxelas e de Lovaina. Com as análises e as informações que foram adquirindo na convivência estudantil, estavam como peixes na água para fazerem as suas reportagens e procurarem as informações junto de elementos chave no processo revolucionário em curso, como à época se dizia.

Não admira, por isso, que as comemorações do 25 de abril possam ter um carinho especial nesta cidade de Bruxelas E foi o que transpareceu no evento que a Embaixada de Portugal e a Câmara de Bruxelas organizaram no Salão Nobre da Câmara de Bruxelas, no passado dia 10 de abril.

Foi um momento alto que encheu a todos de orgulho, belgas e portugueses. Ao constatar o belo e ímpar Salão Gótico repleto de gente de todas as idades, estou convencido que encheu de alegria e de satisfação o Embaixador Portugal, Jorge Cabral, e o Presidente da Câmara de Bruxelas, Philippe Close que, cada um com a sua sensibilidade referiu o evento comemorativo.

Um programa musical de canções de luta de resistência esteve a cargo da violinista portuguesa de renome internacional, Elsa de Lacerda, também ela filha de portugueses que a Bélgica acolheu, acompanhada ao piano por Nathanaël Gouin.

Foi um concerto desconcertante não só pela virtuosidade excecional da intérprete que a todos encheu as medidas, mas também pela qualidade genial dos compositores que pretenderam evocar diversos momentos revolucionários ao longo da história. Da Grândola Vila Morena, o compositor Gwenaël Grisi pretendeu certamente que a entoássemos com a nossa alma, em ressonâncias, em memórias, em evocações, em sensações doces e agras, já que a melodia que sairia da nossa boca seria bem efémera, limitada. E ao som do violino de Elsa de Lacerda éramos levados para um momento etéreo, literário, belo, nostálgico — um sentimento bem característico que advém, cinquenta anos após uma revolução de cravos.

Elsa de Lacerda continuou evocando outras canções emblemáticas de revoluções em países que lutaram por mudanças, como no Chile, na Itália, no Congo e no Brasil.

Os organizadores estão de parabéns ao terem escolhido o belo Salão Gótico da Câmara de Bruxelas para podermos comemorar, belgas e portugueses, o cinquentenário da revolução dos cravos.

Todo de madeira de carvalho revestido, este salão é uma autêntica obra de arte, onde não faltam baixos relevos, estátuas, tapeçarias e vitrais. É lá que se desenrolam os acontecimentos mais importantes desta cidade, estando situado dentro do edifício mais emblemático desta capital europeia que é designado o Hôtel de Ville, incomparável edifício gótico, situado no centro da famosa Grand Place de Bruxelas.

E, ao continuar num agradável convívio em redor de um tradicional Porto e de um pastel de nata, tivemos a sensação de que também ali se tinha desenrolado um importante acontecimento que ficaria indelével na nossa memória.

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