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Será que as eleições locais ainda dizem alguma coisa a quem vive a milhares de quilómetros de casa? Será que, para os portugueses emigrados, votar na câmara municipal da terra natal faz alguma diferença?

A resposta veio-me de onde menos esperava: um dono de restaurante em Bruxelas, que conheço há anos. Desde que veio viver para a Bélgica, nunca tinha votado. “Não vale a pena, são todos iguais”, dizia-me. Mas este ano foi diferente. Sentiu-se representado, envolvido. Pela primeira vez, apanhou um avião para ir a Portugal só para votar. Quis escolher quem dirige a sua terra. “Senti que era agora ou nunca”, contou-me. E não foi o único.

As eleições autárquicas de 2025 mostraram um PSD revitalizado, um PS em busca de rumo e um CHEGA confrontado com a realidade local. Mas mostraram, sobretudo, que o poder local continua a unir os portugueses — mesmo os que estão longe.

Para quem vive fora de Portugal, estas eleições são mais do que estatísticas. Cada vitória, cada derrota, tem reflexo nas comunidades espalhadas pela Europa. O emigrante que vive em Bruxelas, Paris ou Genebra acompanha o que se passa na sua terra — porque tem lá a família, a casa, o terreno, ou simplesmente o sonho de regressar um dia. O poder local continua a ser o elo invisível entre Portugal e os portugueses no estrangeiro.

 

O PSD soube reencontrar esse elo. Depois de anos a tentar recompor-se no terreno, o partido voltou a falar para o país real. A vitória reforçada de Carlos Moedas em Lisboa e o sucesso de Pedro Duarte no Porto mostraram um PSD capaz de unir o centro e a direita em torno de uma ideia de competência e proximidade. Luís Montenegro sai destas eleições com legitimidade reforçada e um capital político que vai muito além das autarquias.

O PS, por seu lado, enfrenta uma travessia difícil. Seria simplista falar em colapso: há fadiga de poder e falta de renovação. O partido precisa de reencontrar a sua voz e o seu espaço político, sob pena de perder definitivamente o contacto com o eleitorado moderado que durante anos lhe deu confiança.

O CHEGA, por sua vez, falhou claramente os objetivos que proclamou com estridência. Acreditou que os resultados das legislativas se reproduziriam automaticamente a nível local — e não se reproduziram. No entanto, conquistou alguma capilaridade em assembleias municipais e juntas, o que pode gerar dificuldades de governação e servir de plataforma para o discurso de “bloqueio” daqui a quatro anos. É um jogo calculado, mas perigoso.

Estas eleições foram também um espelho do país que existe dentro e fora das fronteiras. Entre as comunidades portuguesas, há uma ligação viva à política local: muitos ajudam nas campanhas, outros seguem cada resultado com emoção. O que acontece numa câmara em Viseu, Braga ou Beja repercute-se em quem vive em Bruxelas ou Lyon. O poder local não é apenas administração — é identidade.

Mas há um desafio. Os eleitores exigem cada vez mais. As comunidades portuguesas querem sentir-se ouvidas. Querem saber que as suas preocupações contam, mesmo a centenas de quilómetros. Esperam ver nas suas terras boas práticas, governação eficiente, visão de futuro. E é aqui que a responsabilidade cresce. 

O PSD entende esta exigência. Está a construir uma resposta baseada na competência, no diálogo e na proximidade. O que vimos em Lisboa, no Porto, e em dezenas de municípios por todo o país, é reflexo de um partido que recuperou a confiança das pessoas porque sabe ouvir, sabe trabalhar, e sabe unir.

O país mudou, e o vento sopra a favor do PSD. Mas mais importante do que o vento é o rumo. Cabe-nos garantir que este novo ciclo político não se perde em euforia, mas se traduz em trabalho, proximidade e visão. Porque, sim — o poder local continua a importar. Mesmo para quem está longe.

Gonçalo Carriço
Presidente do PSD Bruxelas (Bélgica)


 



 

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