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(Tempo de leitura: 8 - 16 minutos)
Foto: FB Alfredo Cunha


Alfredo Cunha: Fotógrafo da História Nascido em Celorico da Beira em 1953, Alfredo Cunha é um nome indissociável da História da Revolução dos Cravos e da fotografia portuguesa.

Através da sua lente, Alfredo Cunha captou a realidade do país, testemunhando momentos marcantes como a Revolução de 1974, documentada de forma visceral e inesquecível.

Nesta entrevista exclusiva mergulhamos na vida e obra de Alfredo Cunha, desde os primórdios em 1970 até à consagração como um dos principais fotojornalistas do país.

Conversamos sobre as suas experiências ao fotografar a Revolução dos Cravos, a sua visão sobre a fotografia, sua preferência pelo preto-e-branco, e a sua perspectiva sobre a era digital. Alfredo Cunha também deixa uma mensagem especial para os leitores da diáspora.


 

— Manuel Araújo: - Como foi o seu início na fotografia e o que motivou a seguir a carreira? .

Alfredo Cunha: O meu início é assim. O meu avô era fotógrafo, o meu pai era fotógrafo, por conseguinte, eu fui fotógrafo também.

Comecei na fotografia comercial, passei para a fotografia publicitária e depois passei para o jornalismo. Aos 18 anos fui para o jornalismo, para o jornal O Século.

— MA: Quais os fotógrafos ou movimentos fotográficos que mais o influenciaram e como define o seu estilo fotográfico definido ao longo dos anos?

AC: Eu vejo-me a mim próprio como um fotógrafo humanista, influenciado pelos fotógrafos da Magno, da agência Magno, que é uma agência fotográfica que surge na segunda metade do século XX. E os fotógrafos que me influenciaram, tal como já disse, foi o Eugene Smith e o Cartier Brresson. São as minhas grandes influências e actualmente, também, um fotógrafo chamado Eugene Richards, um fotógrafo americano.

— MA: Passamos então para a Revolução dos Cravos. O que levou um homem do Norte a Lisboa no dia 25 de Abril de 74?

AC: Eu vivia nos arredores de Lisboa. Vivia na Amadora e trabalhava no século. Já trabalhava lá. Por isso, quando começaram a sair os comunicados, eu dirigi-me à redacção e depois dirigi-me ao Teatro das Operações, que era o Terreiro do Passo.

— MA: Ia perguntar-lhe qual o papel que desempenhou durante a Revolução, mas em parte já me disse. Portanto, que memórias guarda dos dias 24 e 25 de Abril e quais as imagens que o marcaram mais?

AC: A imagem do dia 24 não me lembro. Sei que fui trabalhar, mas não me lembro. Agora, o dia 25... O meu dia 25 de Abril foram muitos dias. Foi de 25 a 28, e praticamente não parei. A imagem que me marca… há muitas imagens que eu guardo na minha memória, mas, a imagem que ficou para sempre do meu dia 25, foi o retracto de Salgueiro Maia, no Largo do Carmo.

— MA: Teve medo ou noção do perigo que corria, especialmente com as mortes que ocorreram? Porque morreram algumas pessoas.

AC: Sim. Tive medo. Tive receio porque era uma situação perigosa e nós não sabíamos o que é que estava a acontecer. Só nos começámos a perceber do que estava a acontecer. Sabíamos que havia um golpe. Um golpe de Estado, mas não sabíamos que golpe de Estado era. Não sabíamos nada. Não tínhamos informação nenhuma. Mas rapidamente o medo passou. Mas pronto, a gente tem sempre medo quando há tiros e quando há uma situação de confronto. O medo está sempre presente.

— MA: A sua fotografia a preto-e-branco na Revolução tornou-se icónica. Porquê o preto e branco para este evento histórico?

AC: Eu sempre fotografei em preto-e-branco. Toda a minha vida eu fotografei em preto-e-branco.

E o preto-e-branco é a minha linguagem, porque eu acho que a cor distrai-nos, ou seja, cria ruído e distrai-nos da forma.

Para mim, o importante é a forma e o conteúdo. A cor, eu acho que é um adereço desnecessário. Pelo menos na minha fotografia.

— MA: Porque opta por fotografar a preto-e-branco, já nos disse. E agora, vamos para a Leica.  Já o vimos fotografar com a Nikon, mas a Leica parece ser a sua ferramenta de eleição. Que modelos usa e que relação tem com essas máquinas?

AC: Eu sempre trabalhei com Nikon e Leica. A Leica é uma câmara que eu utilizo com uma objectiva de 70 milímetros, normalmente.

A Nikon é uma marca que eu usava para as grandes angulares, para as tele-objectivas e para o trabalho mais rápido. Porque, apesar de tudo, a Leica é uma máquina mais precisa. Mas é ligeiramente mais lenta. Embora seja uma máquina de grande precisão e que nos devolve uma grande qualidade, para mim foi sempre uma terceira máquina. É uma máquina que tive sempre. Tive a M2, M3, M4, M5, M6, tive até a M7. Tive de M2 à M7. Tive-as todas.

E, actualmente, trabalho com uma Leica Q2 monocrome. E com câmaras de duas ou três marcas diferentes, consoante o trabalho.

Mas a câmara com que eu transporto comigo todos os dias é a Leica monocrome. A Q2 monocrome.

— MA: Eu ia perguntar-lhe quais as características ideais para o seu estilo fotográfico, mas já respondeu. Agora, sobre a era digital. Como vê a evolução da fotografia com o advento das tecnologias digitais? 

AC: Vou responder da seguinte forma. A fotografia é uma arte suportada por uma visão mecânica, por uma visão técnica. E esteve sempre em evolução. Sempre. Desde o início que a fotografia está em evolução permanente. Eu, desde que me conheço, trabalho em fotografia há 55 anos. Já fiz, já tive várias mudanças tecnológicas. Já trabalhei com grandes formatos, com médios formatos, com 35mm, em slide, em cores, negativo, negativo a preto e branco. E hoje trabalho com digital.

O digital é apenas um caminho mais. Desde que... os perigos que podem acontecer são as manipulações que podem ser feitas com a inteligência artificial. Introduzir factos que não existem e a fotografia deixar de ser uma verdade. Não digo que seja uma verdade total, mas... Há uma frase de um fotógrafo famoso, o Richard Evans, ele diz que toda a fotografia é verdadeira e nenhuma é a verdade total. Ou seja, a fotografia é a verdade de quem a fotografa, de quem a vê. É uma visão parcial de realidade. Porque quando enquadramos, escolhemos um objecto, ou escolhemos um objectivo para fotografar. A evolução técnica é constante. O problema é quando se começa a aldrabar e a introduzir coisas que não são verdade.

— MA: E na sequência do que acaba de dizer, pergunto-lhe. Para onde vai o fotojornalismo?

 AC: O fotojornalismo vai continuar. A questão que tem que se pôr é para onde vai o jornalismo. Porque o jornalismo tem que encontrar uma nova forma de negócio e uma nova lógica. Mas irá encontrar com certeza. Porque o papel já não é o futuro do jornalismo. Mas o jornalismo vai continuar. Vai continuar na televisão, na rádio e na internet. E vai ser um jornalismo online. Nós hoje já temos grandes exemplos de jornalismo online. 

— MA: Sobre fotografia, ainda utiliza a fotografia analógica?

AC: Eu trabalhei muitos anos com fotografia analógica. E fiz uma transição muito pacífica para o digital. Dei-me muito bem com o digital. E para ser sincero, eu tenho um laboratório ainda. Ainda tenho um laboratório analógico. Há anos que eu já não uso.

Já não tenho a nostalgia do analógico. Acho que tudo o que eu posso fazer com o analógico, posso fazer exactamente igual com o digital.

— MA: Antecipou-se à minha pergunta que eu ia perguntar-lhe se ainda tem saudades da luz vermelha do estúdio, dos cheiros do revelador, do fixador, dos banhos de paragem. Sabe, eu também tive um pequeno laboratório.

AC: Mas sabe que os químicos da fotografia eram altamente poluentes. Eu sempre tive a noção disso. Antigamente nós fazíamos os nossos próprios reveladores. íamos à farmácia, comprávamos os componentes. Os químicos. Os hipossulfitos, o metabisulfito, o hidroquinone, o ácido acético, o ferrocianeto, o potássio. E isso é tudo material que é muito poluente.

— MA: Sim, isso é verdade, mas, mas eu pessoalmente tenho saudades desse tempo. 

Eu também tenho saudades porque tinha 20 anos. Agora eu tenho 70. É mais por isso. (risos)

— MA: Bom, agora, sobre projectos. Há projectos em curso e no futuro? 

AC: Sim, tenho sempre projectos. Eu estou a acabar este grande projecto. Eu todos os anos tenho publicado. Desde 2012, que não há ano nenhum que eu não publique, tenho publicado diversos livros e… diversos temas. Não vou revelar, mas para o fim deste ano tenho um grande projecto a sair em Agosto e tenho outro grande projecto a sair em Dezembro.

— MA: Que conselho daria aos jovens fotógrafos que estão a iniciar o percurso profissional? 

AC: Olhe, é assim. Se querem ser fotógrafos, preparem-se para a vida dura. Trabalhem e não desistam. E não acreditem nos profetas da desgraça. Eu, quando era miúdo e comecei a minha profissão, havia muitos profetas da desgraça e eu nunca desisti. Aliás, eu tenho por norma nunca desistir. Quando me dizem que não, sinto que estou mais perto do sim. O não aproxima-nos do sim

— MA: Vai oferecermos uma fotografia para a capa da revista. Qual é a fotografia que vai escolher e o que representa? 

AC: Vou escolher um retracto de Salgueiro Maia, trabalhado pelo Vhils, em cor. A capa da revista tem cor,  mas dentro na entrevista, terá fotografias em preto-e-branco. A fotografia da capa representa a transformação de um homem num mito. Num mito, não. Num símbolo.

Quando o Vhils faz a transformação na minha filosofia, transforma-a num símbolo.

— MA: Esta entrevista é direccionada aos falantes de português na Suíça e também em alguns países da Europa e em países da CPLP, estando a revista disponível em escolas, bibliotecas, universidades e em algumas autarquias. Tem alguma mensagem especial que queira deixar aos leitores da diáspora? 

AC: Aquilo que eu tenho para vos dizer, é que espero que um dia consigam regressar e ser felizes em Portugal.

— Manuel Araújo: - Como foi o seu início na fotografia e o que motivou a seguir a carreira? .

Alfredo Cunha: O meu início é assim. O meu avô era fotógrafo, o meu pai era fotógrafo, por conseguinte, eu fui fotógrafo também.

Comecei na fotografia comercial, passei para a fotografia publicitária e depois passei para o jornalismo. Aos 18 anos fui para o jornalismo, para o jornal O Século.

— MA: Quais os fotógrafos ou movimentos fotográficos que mais o influenciaram e como define o seu estilo fotográfico definido ao longo dos anos?

AC: Eu vejo-me a mim próprio como um fotógrafo humanista, influenciado pelos fotógrafos da Magno, da agência Magno, que é uma agência fotográfica que surge na segunda metade do século XX. E os fotógrafos que me influenciaram, tal como já disse, foi o Eugene Smith e o Cartier Brresson. São as minhas grandes influências e actualmente, também, um fotógrafo chamado Eugene Richards, um fotógrafo americano.

— MA: Passamos então para a Revolução dos Cravos. O que levou um homem do Norte a Lisboa no dia 25 de Abril de 74?

AC: Eu vivia nos arredores de Lisboa. Vivia na Amadora e trabalhava no século. Já trabalhava lá. Por isso, quando começaram a sair os comunicados, eu dirigi-me à redacção e depois dirigi-me ao Teatro das Operações, que era o Terreiro do Passo.

— MA: Ia perguntar-lhe qual o papel que desempenhou durante a Revolução, mas em parte já me disse. Portanto, que memórias guarda dos dias 24 e 25 de Abril e quais as imagens que o marcaram mais?

AC: A imagem do dia 24 não me lembro. Sei que fui trabalhar, mas não me lembro. Agora, o dia 25... O meu dia 25 de Abril foram muitos dias. Foi de 25 a 28, e praticamente não parei. A imagem que me marca… há muitas imagens que eu guardo na minha memória, mas, a imagem que ficou para sempre do meu dia 25, foi o retracto de Salgueiro Maia, no Largo do Carmo.

— MA: Teve medo ou noção do perigo que corria, especialmente com as mortes que ocorreram? Porque morreram algumas pessoas.

AC: Sim. Tive medo. Tive receio porque era uma situação perigosa e nós não sabíamos o que é que estava a acontecer. Só nos começámos a perceber do que estava a acontecer. Sabíamos que havia um golpe. Um golpe de Estado, mas não sabíamos que golpe de Estado era. Não sabíamos nada. Não tínhamos informação nenhuma. Mas rapidamente o medo passou. Mas pronto, a gente tem sempre medo quando há tiros e quando há uma situação de confronto. O medo está sempre presente.

— MA: A sua fotografia a preto-e-branco na Revolução tornou-se icónica. Porquê o preto e branco para este evento histórico?

AC: Eu sempre fotografei em preto-e-branco. Toda a minha vida eu fotografei em preto-e-branco.

E o preto-e-branco é a minha linguagem, porque eu acho que a cor distrai-nos, ou seja, cria ruído e distrai-nos da forma.

Para mim, o importante é a forma e o conteúdo. A cor, eu acho que é um adereço desnecessário. Pelo menos na minha fotografia.

— MA: Porque opta por fotografar a preto-e-branco, já nos disse. E agora, vamos para a Leica.  Já o vimos fotografar com a Nikon, mas a Leica parece ser a sua ferramenta de eleição. Que modelos usa e que relação tem com essas máquinas?

AC: Eu sempre trabalhei com Nikon e Leica. A Leica é uma câmara que eu utilizo com uma objectiva de 70 milímetros, normalmente.

A Nikon é uma marca que eu usava para as grandes angulares, para as tele-objectivas e para o trabalho mais rápido. Porque, apesar de tudo, a Leica é uma máquina mais precisa. Mas é ligeiramente mais lenta. Embora seja uma máquina de grande precisão e que nos devolve uma grande qualidade, para mim foi sempre uma terceira máquina. É uma máquina que tive sempre. Tive a M2, M3, M4, M5, M6, tive até a M7. Tive de M2 à M7. Tive-as todas.

E, actualmente, trabalho com uma Leica Q2 monocrome. E com câmaras de duas ou três marcas diferentes, consoante o trabalho.

Mas a câmara com que eu transporto comigo todos os dias é a Leica monocrome. A Q2 monocrome.

— MA: Eu ia perguntar-lhe quais as características ideais para o seu estilo fotográfico, mas já respondeu. Agora, sobre a era digital. Como vê a evolução da fotografia com o advento das tecnologias digitais? 

AC: Vou responder da seguinte forma. A fotografia é uma arte suportada por uma visão mecânica, por uma visão técnica. E esteve sempre em evolução. Sempre. Desde o início que a fotografia está em evolução permanente. Eu, desde que me conheço, trabalho em fotografia há 55 anos. Já fiz, já tive várias mudanças tecnológicas. Já trabalhei com grandes formatos, com médios formatos, com 35mm, em slide, em cores, negativo, negativo a preto e branco. E hoje trabalho com digital.

O digital é apenas um caminho mais. Desde que... os perigos que podem acontecer são as manipulações que podem ser feitas com a inteligência artificial. Introduzir factos que não existem e a fotografia deixar de ser uma verdade. Não digo que seja uma verdade total, mas... Há uma frase de um fotógrafo famoso, o Richard Evans, ele diz que toda a fotografia é verdadeira e nenhuma é a verdade total. Ou seja, a fotografia é a verdade de quem a fotografa, de quem a vê. É uma visão parcial de realidade. Porque quando enquadramos, escolhemos um objecto, ou escolhemos um objectivo para fotografar. A evolução técnica é constante. O problema é quando se começa a aldrabar e a introduzir coisas que não são verdade.

— MA: E na sequência do que acaba de dizer, pergunto-lhe. Para onde vai o fotojornalismo?

 AC: O fotojornalismo vai continuar. A questão que tem que se pôr é para onde vai o jornalismo. Porque o jornalismo tem que encontrar uma nova forma de negócio e uma nova lógica. Mas irá encontrar com certeza. Porque o papel já não é o futuro do jornalismo. Mas o jornalismo vai continuar. Vai continuar na televisão, na rádio e na internet. E vai ser um jornalismo online. Nós hoje já temos grandes exemplos de jornalismo online. 

— MA: Sobre fotografia, ainda utiliza a fotografia analógica?

AC: Eu trabalhei muitos anos com fotografia analógica. E fiz uma transição muito pacífica para o digital. Dei-me muito bem com o digital. E para ser sincero, eu tenho um laboratório ainda. Ainda tenho um laboratório analógico. Há anos que eu já não uso.

Já não tenho a nostalgia do analógico. Acho que tudo o que eu posso fazer com o analógico, posso fazer exactamente igual com o digital.

— MA: Antecipou-se à minha pergunta que eu ia perguntar-lhe se ainda tem saudades da luz vermelha do estúdio, dos cheiros do revelador, do fixador, dos banhos de paragem. Sabe, eu também tive um pequeno laboratório.

AC: Mas sabe que os químicos da fotografia eram altamente poluentes. Eu sempre tive a noção disso. Antigamente nós fazíamos os nossos próprios reveladores. íamos à farmácia, comprávamos os componentes. Os químicos. Os hipossulfitos, o metabisulfito, o hidroquinone, o ácido acético, o ferrocianeto, o potássio. E isso é tudo material que é muito poluente.

— MA: Sim, isso é verdade, mas, mas eu pessoalmente tenho saudades desse tempo. 

Eu também tenho saudades porque tinha 20 anos. Agora eu tenho 70. É mais por isso. (risos)

— MA: Bom, agora, sobre projectos. Há projectos em curso e no futuro? 

AC: Sim, tenho sempre projectos. Eu estou a acabar este grande projecto. Eu todos os anos tenho publicado. Desde 2012, que não há ano nenhum que eu não publique, tenho publicado diversos livros e… diversos temas. Não vou revelar, mas para o fim deste ano tenho um grande projecto a sair em Agosto e tenho outro grande projecto a sair em Dezembro.

— MA: Que conselho daria aos jovens fotógrafos que estão a iniciar o percurso profissional? 

AC: Olhe, é assim. Se querem ser fotógrafos, preparem-se para a vida dura. Trabalhem e não desistam. E não acreditem nos profetas da desgraça. Eu, quando era miúdo e comecei a minha profissão, havia muitos profetas da desgraça e eu nunca desisti. Aliás, eu tenho por norma nunca desistir. Quando me dizem que não, sinto que estou mais perto do sim. O não aproxima-nos do sim.

— MA: Vai oferecermos uma fotografia para a capa da revista. Qual é a fotografia que vai escolher e o que representa? 

AC: Vou escolher um retracto de Salgueiro Maia, trabalhado pelo Vhils, em cor. A capa da revista tem cor,  mas dentro na entrevista, terá fotografias em preto-e-branco. A fotografia da capa representa a transformação de um homem num mito. Num mito, não. Num símbolo.

Quando o Vhils faz a transformação na minha filosofia, transforma-a num símbolo.

— MA: Esta entrevista é direccionada aos falantes de português no estrageiro. Tem alguma mensagem especial que queira deixar aos leitores da diáspora?

AC: Aquilo que eu tenho para vos dizer, é que espero que um dia consigam regressar e ser felizes em Portugal.

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