Universidades apostam em sistemas de alerta para prevenir insucesso e abandono

(Tempo de leitura: 2 - 4 minutos)


Lisboa, 06 out 2024 (Lusa) – Algumas instituições de ensino superior começaram a desenvolver sistemas de alerta para o insucesso académico para prevenir o abandono escolar antes que os alunos manifestem essa intenção, quando já é difícil evitar desistências.

No ano passado, as instituições de ensino superior receberam mais de 10 milhões de euros de financiamento no âmbito do Programa de Promoção de Sucesso e Redução de Abandono no Ensino Superior.

Destinado sobretudo aos alunos inscritos pela primeira vez no ensino superior, o objetivo é que as universidades e politécnicos adotem práticas inovadoras de ensino, aprendizagem e avaliação, e programas de tutoria e mentoria, caminhos que algumas já seguiam e conseguiram agora alargar com este apoio. 

“Quase todas as atividades já estavam em curso em alguma das escolas. Agora, estamos a tentar generalizar as boas práticas, queremos dar-lhes um corpo mais estável para que possam perdurar o tempo”, disse à Lusa Luís Castro, vice-reitor da Universidade de Lisboa (UL).

Os programas de mentorado e tutorado, prática no Instituto Superior Técnico (IST) da UL há cerca de duas décadas, são disso exemplo. “Outras escolas têm-nos há menos tempo e agora estamos a alargar a todas”, explicou o responsável.

Essa tem sido uma das apostas em todas as universidades e institutos politécnicos públicos para promover o sucesso académico, mas algumas querem ir mais longe e desenvolveram sistemas de alerta para direcionar as medidas para os alunos em maior risco.

A experiência foi testada pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa no ano passado através da plataforma Fénix, que contém informação sobre a avaliação contínua dos estudantes a todas as disciplinas.

A ideia é olhar para o desempenho académico dos alunos e identificar aqueles com maiores dificuldades para “perceber o que está a falhar” e conseguir disponibilizar um acompanhamento mais personalizado, explicou à Lusa a coordenadora do projeto IN-Iscte, dedicado à redução do abandono, Rosário Mauritti.

A UL já está a utilizar um sistema semelhante em todas as escolas e a partir do próximo mês será implementado um outro sistema de acompanhamento, para perceber o impacto das medidas no desempenho académico dos alunos identificados.

Segundo o vice-reitor da UL, uma investigadora do IST está, entretanto, a desenvolver um outro sistema de análise de dados para, com base nos registos académicos, identificar perfis de risco, permitindo “sinalizar esses estudantes à partida e poder ter um acompanhamento adicional”.

Outras instituições não têm ainda esse tipo de ferramenta, mas reconhecem a necessidade de atuar de forma preventiva, antes que os estudantes manifestem intenção de abandonar o ensino superior e, nesse caso, os docentes assumem um papel essencial.

Na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, os alunos são sempre contactados quando requerem a anulação da matricula, para conhecer os motivos e perceber se existe possibilidade de, com as medidas disponibilizadas pela instituição, reverter a decisão.

“Mas o grau de sucesso não é muito elevado”, reconhece o pró-reitor para a Inovação Pedagógica, José Cravino, que coordena o Observatório Permanente do Abandono e Promoção do Sucesso Escolar, justificando que, na maioria dos casos, “quando os alunos chegam a essa fase, já têm a decisão tomada”.

A prevenção é uma prioridade da Universidade do Porto, que quer promover o diagnóstico de competências à entrada do ensino superior para identificar potenciais lacunas em determinadas áreas e, assim, atuar precocemente, explicou o coordenador do Observatório do Sucesso Académico, Jorge Ascenção Oliveira, adiantando que a universidade está também a desenvolver algoritmos de previsão do abandono, que permitam a probabilidade de determinado estudante desistir, com base no seu perfil.

Com uma atenção particular para os novos alunos, as respostas podem passar também por facilitar a chegada ao ensino superior e foi precisamente com esse objetivo que o ISCTE inaugurou, no inicio do ano letivo, um novo espaço que centraliza todos os serviços académicos.

“Os serviços tinham, muitas vezes, horários desencontrados e estavam localizados em edifícios dispersos. Não havia propriamente um espaço de acolhimento. A ideia é ter um espaço que reúne todas as respostas de forma integrada num único lugar”, explicou Rosário Mauritti.

Além dos estudantes, muitas das medidas para promover o sucesso e reduzir o abandono passam pelos próprios professores e, nesse âmbito, a maioria das instituições está a reforçar a formação docente e a promover colaboração e partilha de experiências.

A nossa missão

EMBAIXADA DE PORTUGAL

Comunidades

06-Out.-2024

Conselheiros portugueses reúnem-se em plenário quase um …

Lisboa, 06 out 2024 (Lusa) – Quase um ano após serem eleitos, os conselheiros portugueses reúnem-se na terça-feira pela primeir

Boletim informativo

FOTO DO MÊS

We use cookies
Usamos cookies no nosso site. Alguns deles são essenciais para o funcionamento do site, enquanto outros nos ajudam a melhorar a experiência do utilizador (cookies de rastreamento). Você pode decidir se permite os cookies ou não. Tenha em atenção que, se os rejeitar, poderá não conseguir utilizar todas as funcionalidades do site.