Num cenário de transformação radical no setor financeiro, os cinco maiores bancos nacionais – Caixa Geral de Depósitos, BCP, Novo Banco, Santander e BPI – encerraram o primeiro semestre de 2024 com um notável corte no seu quadro de pessoal e na rede de agências.
No total, foi registada uma redução de 281 trabalhadores e 23 agências em comparação com o mesmo período do ano anterior. No final de junho, as instituições contavam com 25 581 funcionários e 1 837 agências em todo o país
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Os dados revelam que três dos cinco bancos tiveram uma diminuição significativa no número de colaboradores. O BPI foi o mais afetado, com 123 postos de trabalho eliminados, seguido pela Caixa Geral de Depósitos que cortou 183 empregos, e o Santander que se despediu de 100 funcionários. O cenário é igualmente preocupante no que diz respeito ao encerramento de agências, onde todos os bancos reduziram a sua presença no território nacional. O BPI destaca-se nesta lista, liderando os fechos com menos 10 agências.
Esta tendência de corte não é nova e reflete uma estratégia consolidada ao longo dos últimos anos por parte dos bancos, que visam atender à procura crescente por serviços digitais em detrimento das operações físicas. Nos últimos cinco anos, os dados mostram que cerca de 3 700 trabalhadores foram dispensados e 19% das agências foram fechadas. Apesar dos lucros no setor terem atingido níveis recordes – mais de 5,5 mil milhões de euros em 2023, um aumento de 79% em relação ao ano anterior – a necessidade de reestruturação continua a ser uma prioridade, impulsionada pela digitalização e pela procura por maior eficiência operacional.
Os bancos têm justificado estas medidas com a crescente necessidade de adaptação a um ambiente de negócios em rápida evolução, onde a digitalização desempenha um papel central. Contudo, à medida que fecham balcões e demitem trabalhadores, surgem preocupações acerca da acessibilidade dos serviços, particularmente para as populações mais vulneráveis que ainda dependem do contacto pessoal para a realização de operações financeiras.
O futuro do setor bancário português parece cada vez mais dependente da capacidade de encontrar um equilíbrio entre a digitalização e a manutenção de um serviço próximo e acessível aos cidadãos. À medida que a reestruturação avança, a pergunta que se impõe é se estas alterações irão realmente beneficiar os clientes ou se resultarão numa maior alienação de um setor fundamental à economia.
É essencial no decurso destas mudanças, os bancos se lembrem de que a confiança do cliente é um ativo valioso. A diminuição de balcões e pessoal pode traduzir-se em frustração para aqueles que preferem a interação humana nas suas transações financeiras. Assim, enquanto o setor avança para um futuro digital, será vital que os bancos procurem formas de garantir que a qualidade do atendimento ao cliente não seja comprometida.
Com os desafios que se avizinham, não apenas para o setor bancário, mas também para os trabalhadores e clientes que dele dependem, o monitorização constante destas mudanças será crucial para entender a evolução do panorama financeiro em Portugal.