Um relatório recente da SmartVote, organização especializada no estudo da desinformação na Península Ibérica e na União Europeia, alerta para o crescimento preocupante da disseminação de conteúdos falsos em períodos eleitorais em Portugal e Espanha.
Segundo o documento, o fenómeno tem sido particularmente visível durante eleições legislativas, com foco em temas sensíveis como fraude eleitoral, corrupção e imigração.
As redes sociais são apontadas como o principal canal de propagação destes conteúdos, que recorrem frequentemente a táticas como a partilha de imagens falsas, vídeos manipulados e sondagens enganosas. Os principais alvos da desinformação são candidatos políticos, sistemas eleitorais e propostas legislativas específicas.
O relatório identifica os partidos de extrema-direita, como o Chega, em Portugal, e o Vox, em Espanha, como as fontes mais recorrentes de desinformação. As estratégias visam fomentar a desconfiança pública nos processos democráticos e polarizar ainda mais o debate político.
Além da desinformação, o relatório também aborda questões estruturais nas relações entre os dois países ibéricos. Foram discutidos os bloqueios nas ligações ferroviárias entre Lisboa e Madrid, a necessidade de reforçar a cooperação energética e o papel de Portugal e Espanha na relação geopolítica com África e a América Latina.
O evento de apresentação do relatório terminou com um apelo simbólico à criação de secções do PSOE em Lisboa e do PS em Madrid, como forma de aprofundar os laços entre os dois principais partidos socialistas ibéricos e promover uma resposta democrática conjunta face aos desafios colocados pela desinformação e pela extrema-direita.