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Num mundo muitas vezes dominado pela ciência e pela racionalidade, existe um fenómeno antigo que continua a fascinar e, por vezes, a assustar: a bruxaria.

Muitas pessoas perguntam-se se essa prática mítica e frequentemente mal interpretada realmente persiste nos nossos dias. Para entender esta questão, é necessário olhar tanto para a história quanto para as manifestações contemporâneas da bruxaria.

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A História da Bruxaria

Historicamente, a bruxaria esteve rodeada de misticismo e medo, especialmente durante os períodos de caça às bruxas da Idade Média e do Renascimento. Milhares de pessoas, principalmente mulheres, foram perseguidas, torturadas e executadas em nome de uma suposta bruxaria. Esse estigma perpetuou-se durante os séculos seguintes, associando bruxas a figuras de malevolência e maldade.

No entanto, a realidade da bruxaria é muito mais complexa. Para muitos, é uma prática espiritual que honra a natureza, celebra o feminino e procura a ligação com as forças do universo. Durante o século XX, começaram a surgir movimentos neopagãos, como a Wicca, que reintroduziram a bruxaria como uma forma de espiritualidade respeitável, distinta da sua associação histórica com a maldade.

Bruxaria Hoje: Uma Nova Perspectiva

Nos últimos anos, a concepção de bruxaria tem evoluído consideravelmente. Um número crescente de pessoas identifica-se como bruxas ou praticantes de magia, integrando essas práticas nas suas vidas quotidianas. As redes sociais desempenham um papel vital na disseminação de informações e na construção de comunidades ao redor da bruxaria moderna. Grupos de discussão online e influenciadores têm feito com que a prática se torne mais acessível e visível.

Essas bruxas contemporâneas muitas vezes desafiam as narrativas tradicionais, usando a bruxaria como uma forma de ativismo, especialmente em questões de género, direitos LGBTQIA+, e justiça social. Elas reúnem-se em círculos, realizam rituais e partilham conhecimentos sobre herbologia, astrologia e outras tradições esotéricas. A magia, nesse contexto, é vista como uma forma de empoderar os indivíduos e criar mudanças positivas no mundo à sua volta.

A Percepção da Bruxaria na Sociedade Atual

Apesar da popularidade crescente da bruxaria moderna, a percepção pública ainda pode ser ambivalente. Muitas culturas ao redor do mundo ainda associam a bruxaria a práticas malignas. Em alguns lugares, as acusações de bruxaria resultam em perseguições reais e violentas, demonstrando que a mentalidade de caça às bruxas ainda não desapareceu completamente. Segundo a ONU, a perseguição de mulheres em nome da bruxaria continua em várias sociedades, refletindo as disparidades de género e o medo do desconhecido.

A bruxaria não é apenas uma prática espiritual, mas também um reflexo das tensões sociais que enfrentamos hoje. Como destacou um estudioso contemporâneo, "a bruxaria diante dos nossos olhos modernos pode ser um símbolo de resistência e reivindicação de autonomia em uma sociedade que, muitas vezes, ainda luta com questões de poder e identidade".

Portanto, a bruxaria não é uma relíquia do passado; está viva e em evolução. Enquanto algumas pessoas a praticam como uma forma de ritual e conexão espiritual, outras vêem-na como uma ferramenta de empoderamento e mudança social. Como sociedade, devemos estar abertos a entender e respeitar essas práticas, reconhecendo a rica tapeçaria de tradições culturais que a bruxaria representa em diferentes contextos.

A pergunta, portanto, não é se a bruxaria ainda existe, mas como ela se está a adaptar e a reformular-se num mundo que anseia por novas formas de espiritualidade e identidade. 

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