Num momento em que as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo continuam a crescer e a diversificar-se, o papel da comunicação assume uma importância decisiva. Muito mais do que transmitir informação, comunicar significa unir, criar laços e alimentar um sentimento de pertença que ultrapassa fronteiras.
Para muitos portugueses no estrangeiro, é através da comunicação — seja em associações, redes comunitárias, plataformas digitais ou órgãos de imprensa — que se mantém viva a ligação a Portugal e se reforça a identidade partilhada.
A coesão comunitária não acontece por acaso. Exige trabalho diário, dedicação e, sobretudo, meios. A maioria das iniciativas de comunicação nas comunidades portuguesas nasce do voluntariado de cidadãos comprometidos. São pessoas que dedicam o seu tempo, talento e energia à causa coletiva. No entanto, por mais que o voluntariado seja essencial, não basta para garantir a sustentabilidade destas iniciativas.
Os custos invisíveis da comunicação comunitária
Gerir uma página informativa, produzir conteúdos, moderar redes sociais, organizar atividades culturais, manter equipamentos, pagar alojamentos digitais ou garantir a qualidade de transmissões e eventos — tudo isto tem custos reais. Pequenos, por vezes; mas contínuos. Muitas estruturas vivem literalmente do esforço pessoal dos membros, suportando do próprio bolso despesas básicas.
Esta realidade raramente é visível para quem beneficia do trabalho realizado. No entanto, ela condiciona fortemente a capacidade destas plataformas de comunicação cumprirem a sua missão: informar, unir e representar as comunidades portuguesas no estrangeiro.
A importância do apoio do Estado português
É neste ponto que o apoio do Estado português se torna fundamental. O papel do Estado não é substituir o dinamismo das comunidades, mas criar condições para que ele floresça. Contudo, os apoios atualmente existentes são, para muitos projetos, escassos e insuficientes. Além disso, o acesso a estes apoios é frequentemente dificultado por processos burocráticos extensos, exigências desajustadas à realidade do associativismo e tempos de resposta que nem sempre acompanham a urgência das necessidades.
Se queremos uma diáspora forte, participativa e integrada, é indispensável reconhecer que a comunicação é um pilar dessa força. E pilares precisam de ser sustentados.
Comunicar é investir no futuro da diáspora
Portugal beneficia imensamente da sua diáspora: em influência cultural, económica, diplomática e humana. Apoiar os canais de comunicação que mantêm estas comunidades coesas não é um custo — é um investimento. Um investimento em cidadania ativa, em participação política, em diplomacia pública e na preservação da língua e da cultura.
À medida que o debate sobre este tema ganha espaço, como acontece hoje na Embaixada de Portugal em Bruxelas, é crucial que se passe das palavras aos atos. A comunicação não é apenas um instrumento; é um elo vital. E, como todo o elo, precisa de ser fortalecido.

