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Foto: DR


A obra moderna do presépio que queria unir acabou por gerar críticas, vandalismo e revolta na capital belga.

O presépio de Natal instalado este ano na Grand-Place, em Bruxelas, tem dominado o debate público. O modelo anterior, utilizado durante vários anos consecutivos, levou a comuna a optar pela sua renovação e modernização, lançando para o efeito um concurso em colaboração com autoridades católicas na sua escolha, entre as quais o arcebispo Luc Terlinden. A proposta vencedora foi da artista católica Victoria-Maria Geyer, que concebeu uma peça que se pretendia inclusiva e universal, afirmando desejar que todos os católicos, independentemente do seu contexto ou origem, se pudessem identificar com as imagens da narração bíblica. O presépio, concebido em 360°, apresenta as figuras de Maria, José e os reis magos sem rosto, com cabeças em tecido colorido, simbolizando a diversidade étnica e pretendendo ser inclusivo.

Contudo, a polémica surgiu logo após a inauguração, a 28 de novembro devido ao design invulgar das figuras sem rosto, criticado por parte do público e da esfera política. A controvérsia agravou-se ainda mais horas depois da abertura ao público: entre a noite de 28 e a madrugada de 29 de novembro, a cabeça do Menino Jesus foi decapitada e roubada, gerando forte repercussão mediática. Importa notar que este tipo de vandalismo tem precedentes na Grand-Place, onde o Menino Jesus já foi furtado em anos anteriores. A imagem foi entretanto reposta e o presépio encontra-se sob vigilância de um segurança.

Entre os críticos mais vocalizados esteve Georges-Louis Bouchez, político do MR, que chegou a comparar as figuras a zombies e que lhe faziam lembrar os sem abrigo da Gare do Midi. Também Sammy Mahdi, líder democrata-cristão flamengo, considerou que a questão deve ser debatida, visto tratar-se da forma como a sociedade lida com as tradições. Face à contestação, o Doyen de Bruxelas-Centro, Benoît Lobet, respondeu defendendo a instalação: recordou que a obra está conforme ao mistério cristão do Natal, da Incarnação, e sublinhou que os comentários depreciativos acabam por chamar atenção para realidades sociais profundas - “Queríamos lembrar que cerca de 9.000 pessoas dormem na rua em Bruxelas, muitas delas crianças. Ajudar os vulneráveis — isso é que são valores cristãos”, afirmou, acrescentando que a artista tem sido alvo de insultos e ameaças e deverá receber apoio institucional.

O presépio da Grand-Place tornou-se um espelho dos debates atuais sobre tradição, arte contemporânea e inclusão. Entre fortes críticas e elogios, o presépio permanece no centro da capital europeia como símbolo de um Natal vivido entre história, fé e controvérsia, à semelhança dos acontecimentos no dia D.


 



 

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