Com atraso e com surpresas, este foi o primeiro dia de Marcelo Rebelo de Sousa na sua visita de Estado aos Países Baixos.
Uma Associação Portuguesa de Amesterdão (APA) cheia recebeu o Presidente da República numa visita de Estado mais virada para a Economia, uma vez que na sua comitiva, também do Ministro da Economia, Pedro Reis, se fez acompanhar. Após os habituais discursos da direção da APA, da Embaixadora de Portugal nos Países Baixos, Clara Nunes dos Santos e do Ministro da Economia, Marcelo Rebelo de Sousa exaltou o trabalho desenvolvido pela Embaixada e pela APA, que contou este ano com 40 anos de atividades em prol da comunidade.
Com esta referência, Marcelo Rebelo de Sousa agraciou a Associação Portuguesa de Amsterdam com a Medalha de Mérito pelo trabalho desenvolvido ao longo da sua existência, e se predispôs a intervir diretamente com o Município de Amesterdão para encontrar um local que consiga albergar esta associação, uma vez que terá de abandonar o local em 2025 devido a uma intervenção urbanística de fundo que vai mudar o bairro onde atualmente se encontra.
Marcelo referiu ainda a importância dos emigrantes portugueses, enfatizando que são eles "a verdadeira economia no estrangeiro". Não só pelo valor acrescentado que representam na sociedade do país que os acolhe, como também na aprendizagem de uma nova cultura cívica e económica que podem exportar para Portugal.
Marcelo Rebelo de Sousa reuniu-se depois com vários representantes da comunidade e da diáspora. Nesta reunião foram assinalados os principais problemas que mais afetam a comunidade emigrada no país, nomeadamente a sub-representação dos portugueses nas instituições europeias, tema levantado por Rui Faria da Cunha, Conselheiro da Diáspora.
Já Tiago Soares, Conselheiro das Comunidades pelos Países Baixos, salientou a importância da realização do voto eletrónico e de uma reforma do Ensino do Português no Estrangeiro, especialmente nos Países Baixos.
Tiago Soares chamou a atenção de que o modelo de ensino neste país está desatualizado para a realidade neerlandesa, salientando que a nova emigração pode "estar menos presente, mas está interessada", dando o exemplo da cidade de Eindhoven, onde existem cerca de 1000 crianças com idades até aos dez anos sem acesso ao ensino do português por falta de opções. "Devido às novas famílias com várias nacionalidades, corremos o risco destes jovens perderem a ligação a Portugal". "Mais importante do que se integrar é não se deixar assimilar", finalizou.
Presentes também os representantes dos grupos parlamentares, Alvaro Faustino, diretor da plataforma Portugueses na Holanda, salientou de que nada disto poderá ser resolvido sem um "uso massivo da Chave Móvel Digital" para o contacto com as instituições de Estado e que um profundo melhoramento do sistema de agendamento consular será necessário. Alvaro Faustino tem tomado nota de muitos casos que chegam à plataforma.
Em resposta à sua questão, o Presidente da República referiu que desde o final da pandemia, este tem sido um dos grandes problemas de muitos consulados no Mundo, "uns mais, outros menos, mas tem sido um problema transversal a muitos". Por seu lado, a Embaixadora Clara Nunes dos Santos informou que desde a sua entrada em funções, "o tempo de espera por uma marcação foi reduzido de três meses para três semanas". Sobre este assunto, há também propostas do Governo para melhorar o agendamento consular.
A visita do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa continua nos próximos dias, onde ainda estará em Den Haag na Câmara dos Deputados para um encontro com o Primeiro Ministro neerlandês, Dick Schoof e também em Delft, numa visita às instalações da Deltares na cidade de Delft. Em Amesterdão, Marcelo Rebelo de Sousa atenderá também ao Seminário Económico designado A Blue Connection - Portugal & The Netherlands, organizado pela AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal e o Nederland Maritiem Land, o cluster marítimo neerlandês.
Alvaro Faustino - Roterdão - Países Baixos
