A Eurodeputada Ana Miguel Pedro dirigiu um requerimento à Alta Representante da União Europeia, Kaja Kallas, denunciando a escalada de ataques jihadistas em Cabo Delgado, Moçambique, perpetrados por grupos afiliados ao Estado Islâmico.
Nos mais recentes, comunidades cristãs foram destruídas, casas e igrejas incendiadas e civis brutalmente decapitados.
Na última semana de Julho, quatro aldeias no distrito de Chiúre foram atacadas. Mais de 46 mil pessoas fugiram das suas casas e 87 escolas encerraram. Segundo a Organização Internacional para as Migrações, desde Julho de 2025 mais de 57 mil pessoas foram deslocadas - entre elas 490 grávidas, 1.077 idosos e 126 crianças separadas dos pais. Desde 2017, o número total de deslocados ultrapassa 1,3 milhões, e mais de metade dos centros de saúde da província encontram-se parcial ou totalmente destruídos.
Ana Miguel Pedro sublinha que a crise em Cabo Delgado afecta directamente a política externa e de segurança daUnião Europeia. Para a Eurodeputada, defender a liberdade religiosa e proteger minorias perseguidas não é apenas um dever moral, mas uma responsabilidade estratégica da Europa. Para ser credível como potência global, afirma, a UE deve agir de forma decidida, mobilizando ajuda humanitária, reforçando o treino das forças Moçambicanas e intensificando a partilha de inteligência operacional.
“Em Moçambique, grupos jihadistas promovem uma limpeza étnico-religiosa contra cristãos, destroem comunidades inteiras e bloqueiam recursos estratégicos como as reservas de gás natural. O país é um alvo vulnerável, com forças mal preparadas e resposta lenta, enquanto estes grupos expandem operações e consolidam posições. Se a Europa não responder de forma mais contundente, permitirá que se estabeleçam bases terroristas às nossas portas, ameaçando directamente a nossa segurança e os nossos interesses vitais.”
No requerimento, a Eurodeputada questiona a Alta Representante sobre:
* O reforço da cooperação militar com Moçambique e países da região para neutralizar a ameaça jihadista;
* A criação de um canal permanente de partilha de inteligência entre a UE, Moçambique e parceiros estratégicos como a SADC e a ONU;
* Medidas específicas para proteger comunidades cristãs alvo de perseguição.