Comemoramos este ano, os 50 anos da revolução de abril. Todos nós, estamos gratos aos capitães de abril por terem ousado desobedecer, dando início ao processo de libertação do país.
Nestas alturas, o politicamente correcto, toma a palavra e, contrariamente aos capitães de abril, ninguém ousa desobedecer-lhe.
Assim, a narrativa que nos contam nos discursos pomposos, com as palavras cuidadosamente escolhidas, não corresponde de todo à verdade dos factos, à verdade histórica.
Ao ouvirmos tais discursos, o cidadão fica com a ideia que após o golpe do 25 de Abril, o país transformou-se de imediato numa democracia e num país livre. Puro engano.
Após o golpe militar do 25 de Abril de 1974, o país entrou no período que ficou conhecido por Processo Revolucionário em Curso (PREC). O período dos Barbudos, das nacionalizações e destruição da economia nacional; dos saneamentos políticos; onde um dos Slogans da esquerda radical, hoje esquerda progressista era “encher o campo pequeno de Portugueses e fuzilá-los”. Um período que criou uma sociedade de medo que nos ia conduzindo à guerra civil.
Para que não restem dúvidas no espírito do leitor, atentemos nas recentes declarações do General Ramalho Eanes: “O PCP preparava-se para estabelecer um regime totalitário. Foi indispensável o 25 de novembro. Foi indispensável, para que as promessas de honra dos militares, à população fossem realizadas”.
Será que alguém, no seu perfeito juízo, acredita que os militares, que arriscaram tudo, quando ousaram desobedecer, para acabar com o Regime Totalitário do Estado Novo, pretendiam instalar em Portugal um Regime Totalitário de Extrema-Esquerda? Claro que não.
Se é com o 25 Abril que se inicia a libertação do país de um regime totalitário, rumo a liberdade e à democracia, esses objectivos apenas se concretizam com o golpe do 25 de Novembro, que levou ao fim do PREC e ao início da consolidação da democracia em Portugal.
Do lado dos barbudos estava Otelo Saraiva de Carvalho, e do outro, Ramalho Eanes e Jaime Neves. Felizmente, para todos nós, Eanes e Jaime Neves derrotaram os Barbudos.
Otelo Saraiva de Carvalho, não satisfeito com a derrota, cria nos anos 80 as Brigadas Revolucionárias, as FP25, responsáveis por vários assaltos e pelo assassinato de, pelos menos, 18 pessoas, incluindo uma criança. Otelo, apesar de todo este cadastro, foi transformado em herói Nacional, condecorado e amnistiado dos crimes cometidos.
Portugal tem esta característica muito própria: transformar bandidos de esquerda em heróis nacionais.
Aqui chegados, 50 anos após o 25 de Abril, será hoje, Portugal uma democracia consolidada, um país livre? Infelizmente a resposta é não. Ainda nos falta muito para atingirmos esses objectivos.
Um país onde ainda se instauram processos disciplinares por delito de opinião, como foi o caso do membro do Movimento Cultural da Terra de Miranda, José Maria Pires, alvo de um processo disciplinar, apenas e só, por ter opinião diferente da do Governo de então.
Um país onde uma Ordem Profissional, é alvo de uma sindicância, como foi a Ordem dos Enfermeiros, apenas e só porque a Bastonária da altura, Ana Rita Cavaco, era muitíssimo incómoda para o Governo, na defesa intransigente da sua classe profissional.
Um país onde quem tem opinião diferente da esquerda Progressista, discípulos dos democratas Estaline e Lenine, é imediatamente apelidado de fascista. Um país onde isto tudo ainda acontece, está muito longe de ser uma democracia e um país livre.
Como disse Salgueiro Maia. “Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados socialistas, os estados capitalistas e o estado a que chegamos”.